As lembranças são como pães, perdão pela metáfora canhestra,
mas vou em frente. As boas levam pouco ou nenhum fermento, dependem da memória
dos sentimentos vividos, de gosto sentido.
Já as más, levam uma enorme quantidade de fermento, muitas
vezes em excesso, e continuam a crescer até invadir espaços que não lhe
pertenceriam, pois são finitos, arrombam portas que não estão fortes e nem
prontas para elas.
Portanto, penso que por vezes é vital uma grande limpeza,
para devolver o equilíbrio precário de nossa alma (alma?), que é tão pródiga em
guardar e pobre em processar e triar o que nos é importante, é só uma esponja
sem critério.
Mas, nós, seja por masoquismo ancestral, seja por
condicionantes sociais, seja pelo culto a culpa, as alimentamos com nossa
preguiça de refletir e avaliar, e se preciso for, limpar.
Nós não nos cuidamos bem, nesta era do culto ao corpo, este o
cuidamos, mas e o resto, deixamos ao acaso de nossas angústias...?