quinta-feira, 28 de março de 2013

Sou um cínico irrecuperável e desiludido...

Descobri, e com muito pesar, devo dizer, que sou um cínico irrecuperável, um desiludido completo e acabado, pois a exemplo dos BBBs, do choro sem lágrimas com fundo musical nas reportagens nas TVs, em detrimento da notícia, das subcelebridades e seus factoides, dos arroubos risíveis de amor ao próximo nas redes sociais, o que deveria me fazer chorar e emocionar, me irrita e entristece. E me entristece porque se assim é feito, é porque assim deve convencer a quem é destinada a mensagem.

E por que? Calma, já vou dizer. Bem, só um exemplo, ao assistir as propagandas dos partidos políticos acerca de suas virtudes e realizações, não consigo deixar de torcer o nariz diante do mundo de fantasia e da cornucópia de benesses que são prometidas, uma espécie de caixa de Pandora às avessas, onde a esperança é a primeira a sair, e não existem mazelas, desde que, sim, desde que seja aquele partido no poder, caso contrário, choverão raios do céu e fulminarão os adoradores de ídolos, ou seja, todos aqueles que optaram por outro partido. 

É claro que esta verdade só vale para a turba ignara, pois os semideuses, os líderes dos partidos, podem fazer e fazem, todos os acordos que lhes beneficiem, seja com Deus ou com o diabo, depende da coligação, do bloco parlamentar, do cargo, enfim, do agrado a ser auferido.  

É, perdão amigos, sou mesmo um cínico, amargo, desiludido, irritado e começando a ficar triste...


 

segunda-feira, 25 de março de 2013

Fanatismo e estupidez são sinônimos perigosos

Tenho um verdadeiro pavor do fanatismo, do exagero como forma de realçar uma opinião ou posicionamento diante de algo, desconfio do que se afirma como absolutamente correto, tenho sérias dúvidas das certezas, não respeito receitas prontas e não acredito de forma alguma no definitivo.

Como costuma dizer um caro e polêmico amigo, o Luiz Alberto Duarte, uma espécie de “enfant terrible” culto, do Face de Foz, “Politica, religião e futebol, se discutem sim”, concordo e apoio entusiasticamente.

O terror dos fanáticos doutrinários é a discussão, o livre pensar, o contraditório. Arrepiam-se quando alguém discorda frontalmente de suas ideias, não sabem como defendê-las, pois refugiados nos seus cantos fanáticos, só conhecem um movimento, o de recuo, e isto os apavora.

Escrevi, e de forma branda e respeitosa sobre o novo Papa, como creio que ele mereça, no entanto, recebi alguns e-mails e mensagens privadas de apoio ofensivo ao texto, lendo uma condenação que não fiz e outros de repúdio, sobre o que julgaram minha opinião como “anticlerical” e “antiPapa”.

Desculpem, mas vocês começaram, portanto vou falar o que sinto; em primeiro lugar, não aceito patrulhamento, aceito opiniões contrárias, e se você meu caro é imbecil para não entender isto, queixe-se aos seus pais que o geraram assim e ao meio que validou a sua ignorância; em segundo lugar, religião e futebol são passíveis de fanatismo, no primeiro caso, o da religião, já gerou e gera genocídios sob este falso aval, já no segundo, estimula idiotas a se matarem em campos de futebol.

De política, pouco a falar, pois o fanatismo ideológico não mais existe, substituído que foi pelo fisiologismo selvagem.

Assim sendo, “patrulheiros”, "vão se roçar nas ostras" e deixem em paz o meu e-mail e meu inbox, um grande abraço e ótima semana para todos!




quinta-feira, 21 de março de 2013

De volta!

Pois bem meus caros amigos, depois de um longo “recesso”, volto a “cometer” meus pitacos. Tem muito assunto para falar e pouca vontade e disposição de fazê-lo, como por exemplo, o novo Papa, um argentino.

Bom, vamos sacudir as teias da preguiça do cérebro e tentar pensar alto sobre este Papa. Não o conhecia, nunca havia lido nada, ao menos com maiores detalhes, sobre ele e sua trajetória, no entanto me chama a atenção duas coisas, que seriam três se contar a sua nacionalidade e o fato de finalmente o colégio de cardeais descobrir a América Latina, não só como destino de viagens triunfais e reserva de fiéis, como tinha sido até agora.

É sabido que a Europa, em seus países mais adiantados, a religião de um modo geral e a católica em particular, vem perdendo espaço e importância, portanto escolher dentre nós principal liderança da Igreja Católica, pode ser um sinal bem interessante.

Por isso, prefiro ressaltar a dúbia e controversa relação entre o clero e os regimes autoritários que assolaram a nossa região por um bom tempo, tempo demais. Mas é difícil falar em clero, pois esta generalização colocaria no mesmo saco duas posturas diferentes, ou seja, não só nas bases, como até algumas lideranças expressivas, sempre houve uma divisão muito clara entre os progressistas, que se alinharam contra o arbítrio e aqueles que conviveram confortavelmente com estes regimes. Resta saber de que lado do muro estava o novo Papa, ou se estava em cima dele.

O outro aspecto é o fato dele ser um jesuíta, uma ordem de muito prestigio e influencia politica, bem maior no passado do que agora, mas mesmo assim, através da excelência de suas escolas e a força da ordem, ainda é uma potencia politica respeitável, no entanto jamais havia sido escolhido um Papa dentre seus membros. Uma casualidade ou uma decisão pensada? Foi o homem, um latino-americano ou a ordem distinguida com a honraria, ou as duas coisas? 

Bem, isto só tempo dirá. Por ora só fica espera positiva de que ele terá a força e competência para estar à frente de uma necessária e urgente nova postura da Igreja Católica para manter seu rebanho diante dos desafios bem mais complexos que um mundo absolutamente integrado determina, do que em outros tempos, onde somente parecia bastar a presença de um símbolo.




sexta-feira, 1 de março de 2013

De navios e portos...

Navio no cais é aposta na volta da curva do horizonte, caminho torto de certeza reta, navegante sério, mar incerto, vento brincalhão, rota prevista, marcada no papel, riscada a cada metro na água, busca do finito no infinito, viagem dúbia, porto esperança, arco descrito, porto de chegada, nada mais e tudo mais, que mais do que mais, não enxerga o fim, porque está preso no inicio.  

Viagem do meio queima o inicio sem construir o fim, voo cego de olhos abertos no mar cinza e com o arco íris no bolso da lembrança esquecida.

Nau sem rumo, rumo da vida, nau solta à espera da amarra do cais, deriva prevista e desejada, mas não tolerada.


 

Fé no imponderável

Tem horas em que a realidade escorre pelos dedos, nem adianta tentar segurar. E não escorre como água, escorre como areia que lixa e marca as mãos.

Tentar segurar este fluxo é como secar um mar, não sei se é impotência assumida ou conformismo, mas dói ver o fluxo seguir sem controle.

Os limites entre realidade, sonho, devaneio, vontades, delírios, que no fundo, ou nem tanto, são só sinônimos, não é claro e nem poderia, pois fantasias e sonhos são rascunhos de realidades ainda não vividas, talvez impossíveis, talvez difíceis, talvez prováveis. 

Viver é um exercício de resistência e fé no imponderável.