sábado, 13 de julho de 2013

O aleijão do superlativo bizarro ou uma confissão de que nada sei...

Nós latinos temos um carinho desmedido, exagerado até, pelo superlativo. Herança cultural, trópicos, sol, resquício do romantismo mediterrâneo, sei lá, mas que temos é inegável e visível.

No entanto, neste nosso Brasil varonil e curioso, o superlativo está atingindo o “estado da arte”, deixou de ser um mero e impensado exagero para ser uma espécie de besta insana que esmurra as frágeis portas do bizarro.

Vejam vocês, basta um ator ou atriz iniciante, ou um cantor calouro qualquer emplacar uma novela ou uma música, para virar um “monstro sagrado”, seja nos palcos ou na telinha, e mais, basta um menino com algum talento, fazer um gol qualquer em uma partida qualquer de um campeonato de futebol qualquer, para virar herdeiro das mais “sagradas tradições futebolísticas nacionais”. A chamada crônica esportiva está cheia de “humoristas” superlativos.

Mas não para aí o gosto pelo exagero patético, até nas redes sociais, uma citação de inspiração mediana, acompanhada de uma boa foto, assume ares de verdade inscrita a fogo nas tábuas da lei de Moisés, e uma gracinha, que mereceria um meio sorriso divertido e condescendente, provoca gargalhadas assustadoras, dignas de um “serial killer” de filme norte americano, tal o número de “KKKKK” cometidos por dedos nervosos...

De política nem falo, é de lado a lado, Deus e diabo, céu e inferno, bons e maus, o meio termo e a reflexão é pecado mortal e coisa de fracos.

Pois é queridos amigos, vejo que a essência tímida e com substância, mesmo sendo pouca, foi definitivamente substituída pela forma estridente, escandalosa e fátua.

Ok, que assim seja, quem sabe até este texto não tenha sido superlativo? Vá saber, não sei de mais nada, ou talvez nunca soube...


 

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