segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Do tempo e das coisas que cegos acreditamos...

E de repente o mundo se transformou novamente. Não que ela lembrasse com clareza do tempo em que percorria, arrastando-se pelos os galhos duros das árvores, talvez tivesse sido assim, talvez não, é mais provável que tivesse sido um sonho, bom pela luz, mau pela pouca mobilidade, não lembrava mais, as fronteiras tinham perdido suas referencias.
Sua vida recente era seu casulo, seu mundo, seus limites, sua zona de conforto.

Mas ele começou a ficar pequeno, cada dia menor, ela não tinha como entender e talvez nem quisesse, se o casulo diminuía ou ela crescia.

Um dia a luz invade seu útero externo, luz que para sua parca memória ou delírio, afinal era somente uma lenda perdida entre tantas outras alimentadas pela escuridão úmida, mas confortável onde vivia. Era o que ela tinha, era seu mundo, não se sentia infeliz porque não lembrava mais de como era antes.

Na busca de mais espaço, para combater o desconforto, descobre que tem asas. O casulo de desfaz em pó e na primeira gota da chuva recente ela se vê na folha molhada. Ela tem cores que nunca ousou imaginar, ela tem asas que nunca sonhou, pois nunca soube que existissem.

E então voou e voou, a esmo, à toa, voou pelo prazer de voar, amou, reproduziu-se, gerou e continuou voando, voando como um Ícaro alucinado atrás do sol e da luz e voou para muito longe, mesmo não sabendo o que era longe ou perto. Viu as flores, delas provou, e viveu mais em pouco tempo o que havia vivido em toda a sua vida.

O tempo não deveria ser medido como um cárcere, o tempo é uma experiência, uma vivencia que não pode ser medida em horas ou anos e sim em intensidade.


 

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