terça-feira, 28 de maio de 2013

Temporal

Do alto de prédios que riam dos limites do olhar humano, caiam chuvas de pedras picadas.

As janelas de imensos vidros se encolhiam e se retorciam aterrorizadas.

Até o Sol soberano se escondeu por trás das nuvens de semblante carregado, como se vingadoras fossem de um crime tão terrível que nem nome lhe foi dado.

A Terra escureceu.

Deuses primevos, em tempos de antes, nasceram destas trevas e desta força insana e morreram ao primeiro raio de sol, mas eles deixaram a semente do conforto fácil, impensado, desejado, a ser gerado no ventre farto da impotência humana.

Os homens, ao longo dos tempos, se comportam como mariposas em busca da luz e do calor que os conforta e mata.

Deuses nasceram e morreram na exata medida de nossa angústia e fé, sublime alimento do paradoxo que une o mortal e o divino, a ponte metafísica, a dúvida, o eterno, o sempre infinito que é sempre o hoje, o tempo violentado.

 
 

 

 

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