Pois é, às vezes a gente se pega pensando, é meio raro, pois com a velocidade das coisas de hoje, pensar é difícil, normalmente só reagimos, nem sempre podemos agir, que em função de um duvidoso bom senso, o agir depende do pensar, ou deveria.
Mas acontece, e quando acontece, vem com a estridência e volume das chuvas de verão, fortes, ousadas e de curto fôlego, devastam, inundam e se vão, deixando atrás de si, árvores caídas, cadeiras viradas, folhas e água. Nada que não se possa limpar e restaurar.
O verão é uma criança birrenta, cheia de rompantes, em todos os sentidos, odeia e ama, molha, incomoda e aquece, abusa de sua cumplicidade leniente com o sol, ao contrário do inverno, que na sua melancolia, mastiga reflexões, sem querer concluir nada, incita de forma progressiva, se exibe calmo e contemplativo, mas pode ser implacável em sua insidiosidade cuidadosamente disfarçada.
O verão é a adolescência, definitiva, peremptória e cheia de razões e certezas, o inverno é a maturidade cínica, refém das experiências, tem calma, tem tempo, se conhece e se nega, desconhece e não tenta entender, chove sempre a mesmas coisas, chove sua dúvida, chove sua impotência, chove sua conclusão pessoal e se enche de nuvens para proteger-se do sol moleque que a desmascaria, quer ser assim, só sabe ser assim.
As chuvas de verão lavam, chuvas de meia estação confundem e as chuvas de inverno molham.
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