quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Qualquer

Era uma vez um menino como qualquer outro, de olhos fechados, sentado em uma pedra na beira de uma estrada como qualquer outra em um dia qualquer e em qualquer lugar.

Soprava um vento qualquer, vindo de um lugar qualquer, agitando um capim qualquer, em um dia qualquer.

O sol caia como numa tarde qualquer, e frio espreitava por trás de uma noite qualquer, esperando para fechar o dia qualquer, sobre um menino qualquer, num lugar qualquer.

E o menino abriu os olhos e pensou. O dia passou a ter data, a estrada nome, a noite estrelas, o frio sentido, a pedra assento, o capim ganhou cor, o menino um nome, vontade e futuro, tudo num instante, um instante qualquer, que ficou gravado nele, e ganhou corpo, o Qual teve resposta, o Quer teve querer.

Só num momento qualquer, único, como outro qualquer.



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