sábado, 1 de dezembro de 2012

O culto da asneira e do fake

Ontem postei no facebook um comentário rápido sobre a minha crescente indignação que tenho certeza vai acabar virando enfado e indiferença, devido à impotência diante de um movimento vencedor, ou seja, o do fake, o do faz de conta, o da hipocrisia institucionalizada e iconizada por uma mídia sem escrúpulos e em muitos casos até sem instrução.

Tenho às vezes a clara sensação que ainda serei estigmatizado por saber ler, por não morar no morro ou na favela, por tentar usar os “esses” nos plurais, tentar, quando possível, utilizar-me das concordâncias e outras bobagens sem valor hoje em dia.

O me irrita é que todos queríamos, ou a maioria, a ascensão das classes menos favorecidas, seu franco acesso à educação, aos hábitos mais saudáveis de vida, que lhes eram negados pelo estado de penúria assassina a que eram submetidos.

Pois bem, o que leio, o que vejo na TV, nos comerciais, é o contrário. Vivemos uma era de nivelar por baixo, de quando ao falar de classe C, imediatamente nos levar a uma “cultura” de falsas emoções, do pieguismo, do mau português, dos valores duvidosos, o que é um enorme e preconceituoso erro.

Não sou dado a crer em teorias de conspiração, mas ao assistir esta asneira monumental que povoa a nossa mídia, me sinto tentado em achar que deve ser coisa de elites raivosas e assustadas, que querem criar senzalas culturais, como forma de manter seus históricos privilégios.



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