Amor é uma palavra fácil, que flui descompromissada nos livros, poemas, letras de música e nas redes sociais. Entre a palavra e o sentimento, aprofunda-se o abismo do entendimento, privilegia-se a declaração inspirada ao sentir de fato.
É fácil e gostoso falar de amor, pega bem, passa uma ideia de romantismo, tão falado e tão pouco praticado, mas enfim, faz parte de uma época estranha, onde o real e o imaginário se mesclam despudoradamente, e com absoluta ausência de compromisso com a perdida coerência, é o triunfo da forma sobre o conteúdo.
As pessoas, e acredito piamente com a melhor intenção possível, copiam compulsivamente e postam afirmações e pensamentos alugados. Creio que sintam a força e pertinência deles, mas os deixam restritos à sua própria divulgação, se sensibilizam, apoiam e esquecem diante dos fatos, pois as coisas nem sempre são tão coloridas e bem intencionadas quanto os posts em redes sociais querem fazer crer.
A vida é crua e nua, é matéria-prima, tem que ser trabalhada, não pode ser entendida e vivida como produto de consumo rápido colhido nas prateleiras da internet, este varejão vulgariza sentimentos, funciona como catarses não completas, é só uma parte, é só uma metade, é só uma amostra, sempre há mais, além dos quiosques de degustação, além da régua rasa do sentimento imitado.
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