sábado, 13 de outubro de 2012

Comemorar o que?

É lamentável, profundamente lamentável, que um país com tantos recursos, e de toda a sorte, como o Brasil, não respeite os professores. Não falo de discursos oportunistas, nem tampouco em pífias homenagens, que se perdem diante da indigência de muitos professores, falo do respeito consolidado e amparado em salários dignos e do respeito real que tínhamos no passado.

Virou moda elogiar o professor, a mídia adora esta falácia vencida, mas tudo continua sempre igual. Existe uma consequência perversa neste tipo de comportamento, pois à medida que todos aceitam e tecem loas a importância do professor e nada muda, cristaliza-se a injustiça e lhe dá sobrevida, pois nem o protesto resta mais, todos concordam e nada fazem.

No próximo dia 15 veremos mais um festival de frases feitas e "gracinhas" de gosto literário duvidoso, que logo serão esquecidas e atropeladas por algum jogo de futebol ou o desfecho de alguma novela.

Na verdade, este é um país em que a ignorância, o analfabetismo, quando associado a algum sucesso, é visto como superação e modelo a ser seguido, quando na verdade, salvo honrosas exceções, é nada mais nada menos que um conjunto de circunstâncias, sorte e esperteza dentre elas, que gerou este sucesso. Faltou a base, faltou o esforço intelectual e a disciplina que torna uma sociedade forte e com promessa de continuidade.

É amigos, num Brasil em que um ex-presidente é celebrado como um salvador da pátria, um símbolo do país, quando na verdade foi mais um populista, um Pedro Malasartes caboclo, o que esperar senão a entronização da esperteza como símbolo de sucesso.

O problema é que professores que honram a profissão, e são muitos, não cabem nesta definição surrealista de sucesso, não podem, por força do bom exercício de sua vocação, compactuar com a pressa irresponsável de uma sociedade que incensa e destrói mitos e ídolos sem substância todos os dias.

Portanto, um viva aos professores, verdadeiros heróis da resistência, esperança dolorida de um futuro sólido para um país tão ultrajado, que aprendeu à força a conviver com o desmando e a corrupção, e que em muitos aspectos, além deste especial, padece de uma indiferença crônica diante do seu futuro, constantemente lembrado somente numa figura de retórica barata e medido só pelos avanços materiais e não morais.


 

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