Pois é, depois de finalmente terminada a “farra democrática”, que lições a gente pode tirar destas eleições?
Bom, como já disse outras vezes, não me atrevo a tentar fazer comentários técnicos sobre o assunto, no máximo darei alguns palpites sem compromisso nenhum, ao contrário de certos comentaristas de “jogo jogado”, como os que assisti ontem na TV, principalmente em emissoras regionais.
Não é de hoje que o eleitor brasileiro vem mudando, se para melhor ou pior, o tempo dirá, mas sem dúvida as previsões tornam-se mais difíceis a cada eleição. Estamos assistindo, a meu juízo, o fim de um período da nossa política e de seus grandes partidos, todos filhos da época da ditadura, os legítimos e os bastardos.
Cicatrizes de alguns, releituras de outros, herdeiros presuntivos e etc., pertencem hoje à história e deverão ser cada vez mais confinados às salas de aula e às teses acadêmicas. Teorias bem elaboradas e testadas com sucesso começam a cair por terra diante do que se pode chamar com alguma liberdade de “neopragmatismo”. Definições como esquerda e direita, opção pelo social como bandeira ideológica diferenciada, soam hoje como anacronismos desajeitados aos olhos do novo eleitor.
Dois casos, na minha ótica, e por nos serem mais próximos, pedem uma reflexão, o de São Paulo e o de Curitiba.
Em São Paulo, perdeu o PSDB e ganhou o PT, ou perdeu Serra, com uma imagem desgastada pelo tempo e ganhou Haddad, uma cara nova no processo político?
E em Curitiba, perdeu o Ratinho e ganhou o Fruet, perdeu Richa e ganhou o PT, ou foi só o resultado de um plebiscito sobre a intensidade das mudanças que o eleitorado queria, ou suportaria?
Sim, pois a salada surrealista dos apoios de ambos, não teve nada a ver com alinhamentos tradicionais.
Perdeu Richa ou foi superestimada a força do governo do estado? Ganhou Lula e Dilma, ou foi uma nova leitura que o PT, aliado ao impressionante carisma de Fruet, quem venceu?
Estas perguntas o tempo deverá responder, mas continuo na crença de que o eleitor mudou e com ele levou todas as “certezas” que balizaram a nossa política até agora.
O maior exemplo está no PSB, que surge como uma irresistível nova força no cenário nacional, e cujo conteúdo programático, apesar de suas origens, pouca ou nenhuma diferença fez ou faz, a força do PSB está nos nomes e discursos novos que ele tem apresentado.
Nestas horas é sempre bom lembrar Sócrates: “Só sei que nada sei”...
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