Hoje, andando pelo centro da cidade, vi uma mulher, moça, não mais que trinta anos, com um uma criança de colo, um bebê.
Ela estava sentada em um ponto de ônibus, não pedia nada a ninguém, as roupas eram bem humildes, mas pareciam limpas e bem cuidadas, o sol castigava quem lá estava, inclemente como o descaso do poder público que não liga para quem espera em pontos de ônibus.
Mas não é esta a consideração que quero fazer, em que pese querer muito que estes gestores um dia precisem do transporte coletivo e que sintam na pele este desrespeito continuado para com a população.
O que me impressionou foi olhar dela, seco, vazio e sem a centelha da esperança. A esperança pode ser uma ilusão, e muitas vezes o é, mas é a barreira que nos separa do desencanto com a vida. Quando se perde a esperança, perde-se a última alternativa, perde-se o sonho, perde-se a razão de tentar, deixa-se de viver, passa-se a existir, renuncia-se ao protagonismo, assume-se a figuração, passamos a ser parte da paisagem, passamos a ser moldura, deixamos de ser ato e viramos fato passivo, rifamos o nosso lugar, renunciamos a nós mesmos.
A esperança se vista e analisada no seu foco, pode ser até estúpida e ilusória, mas sentir esperança é o que nos faz viver e tentar, sempre mais uma vez, e outra vez, e mais outra, até sempre, até que nos afoguemos nela.
Um comentário:
Sem esperança, como disse, praticamente não existe vida.
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