sábado, 3 de novembro de 2012

Insegurança cartesiana, um triste paradoxo

Usando Virgílio sem pudor do plágio, creio se não posso ter o céu, reinvento e reescrevo o inferno, nele me queimo e imolo, e dele saio diferente, nem novo, nem velho, só com o gosto das cinzas na boca, a alma molhada e o coração seco, sem mais querer ter asas, pois não saberia mais para onde voar...

Beber na fonte de Virgílio, lambuzar-se de Santo Agostinho e lhe fazer eco em dizer que; “a medida do amor é amar sem medida”, pois pobres são os prisioneiros da razão que se debatem no labirinto da lógica, cartesianos perdidos na floresta de suas certezas, na eterna procura de uma dúvida que lhes ilumine a vida e os salve do aceito e bem medido, vivendo da dose exata da insatisfação, com o medo perene do inesperado, do imponderável, do imprevisível, da vida enfim.


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