Bom, mais um ano se foi. Um ano com coisas boas e ruins, para alguns a balança pendeu para um grande e produtivo ano, para outros, em um quase desastre. Nada de novo, nada de especial, só o curso dos ciclos se realizando.
A vida tem por vezes, se não sempre, a forma de uma espiral, evolui em círculos, para cada volta, um passo, mais um anel de árvore, mais uma camada de rocha, não é absolutamente linear, e nem suas voltas tem sempre o mesmo tamanho, é como uma espiral assimétrica e confusa, de vários tamanhos, onde voltas maiores e menores convivem, mas de uma mesma forma básica.
A cronologia permite a avaliação, é uma sábia convenção, medir a vida pela rotação do planeta, pelos ciclos naturais. Estamos tão afastados da natureza, tão cegos pelos avanços tecnológicos, que perdemos a sensibilidade para os humores da natureza, a não ser quando ela se manifesta de forma mais contundente, necessitamos da cronologia convencionada, para voltar a entender o que é atávico.
Mas tudo bem, se é assim, que então peguemos emprestadas as convenções, aluguemos as sensações, mergulhemos, pois no que é esperado de nós pela liturgia da sociedade atual e façamos a festa, para alguns de alívio, para outros de saudação, mas para todos de esperança no novo ano.
Feliz 2013, que ele traga a água que irrigue solos secos de alguns, que seja a água que mantenha o campo verde de outros, que cada um tenha o que necessite, que não lhe falte nunca combustível para os sonhos!
P.S. - Muito obrigado aos queridos e pacientes leitores que me honraram com muitos milhares de acessos e aos patrocinadores que acreditaram no blog, serei eterno e grato devedor de vocês todos.
Falando um pouco sobre tudo, mas sempre e muito sobre qualquer coisa que me venha a cabeça...
domingo, 30 de dezembro de 2012
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
A insuportável luz do óbvio
Das coisas que fiz, e não foram poucas, das coisas que vi e vivi, que foram outras tantas, poucas coisas foram tão claras quanto as que nunca entendi.
Nem sempre o claro é visível a olho ou alma nua, experimente olhar para o sol, o que é claro, límpido e luminoso, nem sempre se pode ver de frente, as sombras são mais fáceis, mais dúbias, mais traiçoeiras, mas mais fáceis de ver.
Todos usamos filtros, todas as pretensas verdades precisam de filtros, de óculos escuros, tudo o que brilha de óbvio é difícil de ver pois dói nos olhos e nos sentidos.
Nem sempre o claro é visível a olho ou alma nua, experimente olhar para o sol, o que é claro, límpido e luminoso, nem sempre se pode ver de frente, as sombras são mais fáceis, mais dúbias, mais traiçoeiras, mas mais fáceis de ver.
Todos usamos filtros, todas as pretensas verdades precisam de filtros, de óculos escuros, tudo o que brilha de óbvio é difícil de ver pois dói nos olhos e nos sentidos.
No fim e no início, o ciclo da Fênix
Última sexta-feira do ano, véspera do último final de semana, mais um que se foi. As inefáveis retrospectivas, pauta fácil da TV, pauta fácil de muita gente, de quase todos, régua rasa do ano, borracha de apagar, página nova, esperança, sonho, trégua, rito de passagem, qualquer coisa que renove o fôlego.
O que esperar do ano que entra? Tudo, no terreno da esperança, nada no da desesperança, alguma coisa para muitos, cronologia sempre, tempo dividido para ser melhor entendido, afinal vivemos de referências, temos que esquartejar o tempo, fatiá-lo, para melhor digeri-lo.
Mas, enfim, salve 2012 que se vai, viva 2013 que vem, e que continuemos a cultivar este vício sem cura, o da esperança, somos viciados expectantes, precisamos disto, queremos e precisamos acreditar, sem crença não há sonho, sem sonho não há expectativa, sem expectativa não há realizações, sem realizações, não há nada mais, só a eterna conta de chegar, sem querer parar de contar, sem querer chegar.
Portanto viva a esperança, justa ou insana, viva o sonho, real ou delírio, vale tudo que nos renove a emoção da razão negada, paradoxo que nos faz viver e seguir.
Afinal o ciclo do tempo é uma Fênix.
O que esperar do ano que entra? Tudo, no terreno da esperança, nada no da desesperança, alguma coisa para muitos, cronologia sempre, tempo dividido para ser melhor entendido, afinal vivemos de referências, temos que esquartejar o tempo, fatiá-lo, para melhor digeri-lo.
Mas, enfim, salve 2012 que se vai, viva 2013 que vem, e que continuemos a cultivar este vício sem cura, o da esperança, somos viciados expectantes, precisamos disto, queremos e precisamos acreditar, sem crença não há sonho, sem sonho não há expectativa, sem expectativa não há realizações, sem realizações, não há nada mais, só a eterna conta de chegar, sem querer parar de contar, sem querer chegar.
Portanto viva a esperança, justa ou insana, viva o sonho, real ou delírio, vale tudo que nos renove a emoção da razão negada, paradoxo que nos faz viver e seguir.
Afinal o ciclo do tempo é uma Fênix.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Qualquer
Era uma vez um menino como qualquer outro, de olhos fechados, sentado em uma pedra na beira de uma estrada como qualquer outra em um dia qualquer e em qualquer lugar.
Soprava um vento qualquer, vindo de um lugar qualquer, agitando um capim qualquer, em um dia qualquer.
O sol caia como numa tarde qualquer, e frio espreitava por trás de uma noite qualquer, esperando para fechar o dia qualquer, sobre um menino qualquer, num lugar qualquer.
E o menino abriu os olhos e pensou. O dia passou a ter data, a estrada nome, a noite estrelas, o frio sentido, a pedra assento, o capim ganhou cor, o menino um nome, vontade e futuro, tudo num instante, um instante qualquer, que ficou gravado nele, e ganhou corpo, o Qual teve resposta, o Quer teve querer.
Só num momento qualquer, único, como outro qualquer.
Soprava um vento qualquer, vindo de um lugar qualquer, agitando um capim qualquer, em um dia qualquer.
O sol caia como numa tarde qualquer, e frio espreitava por trás de uma noite qualquer, esperando para fechar o dia qualquer, sobre um menino qualquer, num lugar qualquer.
E o menino abriu os olhos e pensou. O dia passou a ter data, a estrada nome, a noite estrelas, o frio sentido, a pedra assento, o capim ganhou cor, o menino um nome, vontade e futuro, tudo num instante, um instante qualquer, que ficou gravado nele, e ganhou corpo, o Qual teve resposta, o Quer teve querer.
Só num momento qualquer, único, como outro qualquer.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
Dança
Nas noites de lua cheia, a dama esquiva do céu faz da terra o espelho de sua vaidade fugaz, derramando sem pudor sua farta luz que escorre por entre as árvores e rola pelo chão iluminado, ofuscando as estrelas e manchando de prata os caminhos.
É uma luz na noite que deixa a noite mais noite que o sol faz o dia, a lua é ávara e o sol é generoso, mas quando ela se despe o faz por inteira, envolvida em uma dança erótica com as sombras que gera, como num incesto cósmico.
É uma luz na noite que deixa a noite mais noite que o sol faz o dia, a lua é ávara e o sol é generoso, mas quando ela se despe o faz por inteira, envolvida em uma dança erótica com as sombras que gera, como num incesto cósmico.
Errante
Com pedaços de madeira caída, pedras e pó, faço meu ícone, roubo da vida o que ela me nega, sonego e nego o que ela me causou, faço de minha estrada o rumo torto de minhas dúvidas, faço de minhas dúvidas os arremedos de certeza que nunca terei, faço de minha angústia o sorriso cínico, e de minha dor o canto debochado dos que não mais sabem de si.
Sigo porque tenho que ir, vou, porque aqui estou, sou porque respiro, sei e não sei, pois saber é fechar as portas da curiosidade, sigo agarrado nas franjas do desprezo, sigo porque não tenho para onde ir.
Sigo porque tenho que ir, vou, porque aqui estou, sou porque respiro, sei e não sei, pois saber é fechar as portas da curiosidade, sigo agarrado nas franjas do desprezo, sigo porque não tenho para onde ir.
Ela, a Lua, de novo e sempre...
A lua por milênios fascina os homens, diversas teorias foram criadas, muitas desmentidas, muitas duvidadas.
Não é só um fenômeno natural, está tão eivada de adjetivos e predicados, que sua própria natureza não pode mais confirmar ou desmentir, a lua hoje é o que cada um de nós vê, distante, parceira, luz fria, luz dos amores, luz da noite, dos sonhos, das desventuras, das aventuras, da melancolia, do prazer, da libido, da contemplação, lua de muitos nomes e muitos sentires, lua nua, lua Branca, lua próxima e distante, tão perto dos olhos e tão longe da mão.
Lua fugitiva e esquiva, lua nua e sem pudor, lua de noites em claro afogadas no sol do dia.
Não é só um fenômeno natural, está tão eivada de adjetivos e predicados, que sua própria natureza não pode mais confirmar ou desmentir, a lua hoje é o que cada um de nós vê, distante, parceira, luz fria, luz dos amores, luz da noite, dos sonhos, das desventuras, das aventuras, da melancolia, do prazer, da libido, da contemplação, lua de muitos nomes e muitos sentires, lua nua, lua Branca, lua próxima e distante, tão perto dos olhos e tão longe da mão.
Lua fugitiva e esquiva, lua nua e sem pudor, lua de noites em claro afogadas no sol do dia.
Pássaros e dias
Os dias passam como pássaros apressados fugindo da chuva, que correm no céu encoberto, buscando um resto de luz que os conforte, não tem o compromisso com o amanhã, não sabem que a chuva passa, seu compromisso é com o agora, assim como os dias fugidios que escorrem pelos dedos e caem na sarjeta comum da noite e não se importam com o amanhã, afinal, amanhã serão outros dias e outras chuvas e outros sóis.
E que se perdem na lua Branca.
E que se perdem na lua Branca.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Conjunto habitacional
Às vezes, na ociosidade de meu cérebro, fico pensando em como nosso coração se parece com um imenso conjunto habitacional, destes como “minha casa, minha vida”.
Centenas de apartamentos, milhares de quartos, milhares de pessoas, milhares de sonhos, de esperanças, todos os sentimentos, os conhecidos e os desconhecidos, todos vivendo próximos, todos se encontrando em áreas comuns, um coletivo feito de individualidades, que não se misturam, a não ser no denominador comum de lá estar.
É conviver com todos os ruídos, todos os desejos, todas as raivas, todos os sorrisos, todos os choros, que ecoam pelas escadas dos prédios de nossa alma. Os rádios ligados nas noticias policiais, as TVs gritando por seu espaço, os carros passando e deixando seu rastro, o incrível e crível caleidoscópio que dá som e cheiro ao nosso interminável quebra-cabeça, cujas peças vão mudando de forma na medida em que a colocamos e ajustamos, no caótico condomínio de nossas vontades e desejos.
Centenas de apartamentos, milhares de quartos, milhares de pessoas, milhares de sonhos, de esperanças, todos os sentimentos, os conhecidos e os desconhecidos, todos vivendo próximos, todos se encontrando em áreas comuns, um coletivo feito de individualidades, que não se misturam, a não ser no denominador comum de lá estar.
É conviver com todos os ruídos, todos os desejos, todas as raivas, todos os sorrisos, todos os choros, que ecoam pelas escadas dos prédios de nossa alma. Os rádios ligados nas noticias policiais, as TVs gritando por seu espaço, os carros passando e deixando seu rastro, o incrível e crível caleidoscópio que dá som e cheiro ao nosso interminável quebra-cabeça, cujas peças vão mudando de forma na medida em que a colocamos e ajustamos, no caótico condomínio de nossas vontades e desejos.
Não gosto mais do Natal...
Pois é amigos, é bem possível que eu seja “linchado” pelos mais afoitos e donos de verdades incontestes, mas vá lá, corro o risco.
Não gosto do Natal, nunca gostei muito, com exceção das festas de minha infância, a data só me remete ao consumismo desenfreado, a perda de qualquer resquício de pudor no uso do imperativo, você só ouve e vê “Dê, Compre, Seja, Tenha, Agradeça”, e outras palavras do gênero.
Gosto do simbolismo da data, gosto da lembrança mais forte de Jesus, que, aliás, deveria ser diária, mas tudo bem, entre as novelas da Globo, o futebol, o BBB, as notícias diárias sobre corrupção, a estridência dos pastores e padres eletrônicos, sobra pouco tempo e disposição para a reflexão do que realmente significa a palavra de Cristo, então que esta data sirva para isto.
E tem mais, esta “festa” consumista só reforça as desigualdades, só deixa mais evidente as diferenças entre as pessoas, entre os que têm, os que não têm, os querem ter e os que desistiram de querer ter.
Então amigos, desejo um Feliz Natal a todos, sem nenhum apêndice como presentes, mensagens bonitinhas, Papai Noel e renas, e se tivesse que acrescentar algo, desejaria somente Paz e reflexão!
Não gosto do Natal, nunca gostei muito, com exceção das festas de minha infância, a data só me remete ao consumismo desenfreado, a perda de qualquer resquício de pudor no uso do imperativo, você só ouve e vê “Dê, Compre, Seja, Tenha, Agradeça”, e outras palavras do gênero.
Gosto do simbolismo da data, gosto da lembrança mais forte de Jesus, que, aliás, deveria ser diária, mas tudo bem, entre as novelas da Globo, o futebol, o BBB, as notícias diárias sobre corrupção, a estridência dos pastores e padres eletrônicos, sobra pouco tempo e disposição para a reflexão do que realmente significa a palavra de Cristo, então que esta data sirva para isto.
E tem mais, esta “festa” consumista só reforça as desigualdades, só deixa mais evidente as diferenças entre as pessoas, entre os que têm, os que não têm, os querem ter e os que desistiram de querer ter.
Então amigos, desejo um Feliz Natal a todos, sem nenhum apêndice como presentes, mensagens bonitinhas, Papai Noel e renas, e se tivesse que acrescentar algo, desejaria somente Paz e reflexão!
sábado, 22 de dezembro de 2012
NADA
Ausência remete a presença, desamor a amor, negação a algo que a confirma, dúvida a certeza, decepção a expectativa, mas nada, não remete a tudo, nada é solto em si mesmo, se encerra e se define na sua própria impossibilidade de percepção.
É como uma antítese procurando desesperadamente a sua tese, poderia ser autofágico, mas não se alimenta de nada, por nada ser.
Nada é nada, e não é nada, é só nada, mas o que é o nada? Nada?
É como uma antítese procurando desesperadamente a sua tese, poderia ser autofágico, mas não se alimenta de nada, por nada ser.
Nada é nada, e não é nada, é só nada, mas o que é o nada? Nada?
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Somos bobos alegres e só!
O Turismo como segmento econômico não é e nem nunca foi levado a sério no Brasil, e mais, nem nos estados e também nos municípios. Sempre foi visto como diletantismo, talvez porque todo mundo faça turismo de uma forma ou de outra, e na maioria das vezes, associada ao lazer ao supérfluo, nunca foi dada a menor importância ao setor.
Os desmandos, o amadorismo, a gestão fraca, ao entregar o Ministério do Turismo a quem nunca foi da área, e vale também para a secretaria de Turismo do nosso estado, após o breve período de Faisal Salem, só evidencia o que estou dizendo, o mais completo e acabado descaso, turismo é um cargo de compensação nas composições politicas, o poder público não dá a menor importância ao turismo, e isto vale para qualquer cor partidária.
Este caso de agora, o do roubo, do assalto feito a nós, nas passagens aéreas, é só mais uma consequência destes desmandos, afinal a ANAC deve ter o recorde de dirigentes afastados por suspeita de corrupção, e a Infraero é um enorme obstáculo, com suas taxas extorsivas e péssimo serviço, ao desenvolvimento do turismo racional, profissional.
Somos reféns do descaso, da politicagem, da falta de mobilização real, somos fracos e pedintes, não podemos pedir respeito enquanto nos comportarmos como mendigos dos favores oficiais. enquanto não houver mobilização de verdade, não os arroubos de conotação política, senão continuaremos a ser os bobos alegres do fim da fila a espera do pequeno favor do rei e mais nada.
Os desmandos, o amadorismo, a gestão fraca, ao entregar o Ministério do Turismo a quem nunca foi da área, e vale também para a secretaria de Turismo do nosso estado, após o breve período de Faisal Salem, só evidencia o que estou dizendo, o mais completo e acabado descaso, turismo é um cargo de compensação nas composições politicas, o poder público não dá a menor importância ao turismo, e isto vale para qualquer cor partidária.
Este caso de agora, o do roubo, do assalto feito a nós, nas passagens aéreas, é só mais uma consequência destes desmandos, afinal a ANAC deve ter o recorde de dirigentes afastados por suspeita de corrupção, e a Infraero é um enorme obstáculo, com suas taxas extorsivas e péssimo serviço, ao desenvolvimento do turismo racional, profissional.
Somos reféns do descaso, da politicagem, da falta de mobilização real, somos fracos e pedintes, não podemos pedir respeito enquanto nos comportarmos como mendigos dos favores oficiais. enquanto não houver mobilização de verdade, não os arroubos de conotação política, senão continuaremos a ser os bobos alegres do fim da fila a espera do pequeno favor do rei e mais nada.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Chuvas de verão e inverno...
Pois é, às vezes a gente se pega pensando, é meio raro, pois com a velocidade das coisas de hoje, pensar é difícil, normalmente só reagimos, nem sempre podemos agir, que em função de um duvidoso bom senso, o agir depende do pensar, ou deveria.
Mas acontece, e quando acontece, vem com a estridência e volume das chuvas de verão, fortes, ousadas e de curto fôlego, devastam, inundam e se vão, deixando atrás de si, árvores caídas, cadeiras viradas, folhas e água. Nada que não se possa limpar e restaurar.
O verão é uma criança birrenta, cheia de rompantes, em todos os sentidos, odeia e ama, molha, incomoda e aquece, abusa de sua cumplicidade leniente com o sol, ao contrário do inverno, que na sua melancolia, mastiga reflexões, sem querer concluir nada, incita de forma progressiva, se exibe calmo e contemplativo, mas pode ser implacável em sua insidiosidade cuidadosamente disfarçada.
O verão é a adolescência, definitiva, peremptória e cheia de razões e certezas, o inverno é a maturidade cínica, refém das experiências, tem calma, tem tempo, se conhece e se nega, desconhece e não tenta entender, chove sempre a mesmas coisas, chove sua dúvida, chove sua impotência, chove sua conclusão pessoal e se enche de nuvens para proteger-se do sol moleque que a desmascaria, quer ser assim, só sabe ser assim.
As chuvas de verão lavam, chuvas de meia estação confundem e as chuvas de inverno molham.
Mas acontece, e quando acontece, vem com a estridência e volume das chuvas de verão, fortes, ousadas e de curto fôlego, devastam, inundam e se vão, deixando atrás de si, árvores caídas, cadeiras viradas, folhas e água. Nada que não se possa limpar e restaurar.
O verão é uma criança birrenta, cheia de rompantes, em todos os sentidos, odeia e ama, molha, incomoda e aquece, abusa de sua cumplicidade leniente com o sol, ao contrário do inverno, que na sua melancolia, mastiga reflexões, sem querer concluir nada, incita de forma progressiva, se exibe calmo e contemplativo, mas pode ser implacável em sua insidiosidade cuidadosamente disfarçada.
O verão é a adolescência, definitiva, peremptória e cheia de razões e certezas, o inverno é a maturidade cínica, refém das experiências, tem calma, tem tempo, se conhece e se nega, desconhece e não tenta entender, chove sempre a mesmas coisas, chove sua dúvida, chove sua impotência, chove sua conclusão pessoal e se enche de nuvens para proteger-se do sol moleque que a desmascaria, quer ser assim, só sabe ser assim.
As chuvas de verão lavam, chuvas de meia estação confundem e as chuvas de inverno molham.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Recolhendo
Um olhar carregado de dúvida rasga a cortina da noite, pergunta, responde, se angustia, se perde e perde.
Nada é e nem será como antes, pois antes foi antes de depois e nada que se segue desfaz o antes, só confirma o depois.
Caminhos não são bons ou ruins, são só caminhos, o andar os define.
Não somos vítimas de escolhas, somos o produto delas, somos a consequência sem causa, somos a resposta ao que nunca foi perguntado, a resposta na procura ávida e ansiosa da pergunta que não soubemos ou não quisemos fazer.
O que está feito, está, não pode ser desfeito, senão feito não o seria.
Nada é e nem será como antes, pois antes foi antes de depois e nada que se segue desfaz o antes, só confirma o depois.
Caminhos não são bons ou ruins, são só caminhos, o andar os define.
Não somos vítimas de escolhas, somos o produto delas, somos a consequência sem causa, somos a resposta ao que nunca foi perguntado, a resposta na procura ávida e ansiosa da pergunta que não soubemos ou não quisemos fazer.
O que está feito, está, não pode ser desfeito, senão feito não o seria.
Foz vale uma missa?
Existe uma frase histórica e bem conhecida, que como tantas outras, nunca envelhece e nem perde sua validade, foi a proferida por Henrique IV, da França, e também rei de Navarra, que para assumir definitivamente o trono francês, teria que deixar de ser protestante e adotar o catolicismo como seu credo.
Pois bem, ao ser instado a fazê-lo, e aceitando ser católico, o rei declarou, como justificativa, que “Paris valia bem uma missa”.
Creio ser um dos mais emblemáticos exemplos do pragmatismo politico, acima das religiões e considerações ligadas a valores e tradição.
Trazendo para o Brasil, e aprofundando para Foz, o que pode parecer traição e descomprometimento ideológico, pode ser visto como puro pragmatismo político, um eufemismo bem conveniente para justificar as aparentemente incompreensíveis mudanças de lado, afinal, vá lá saber se Foz também não vale bem uma missa...
Ah sim, Henrique IV foi considerado um grande rei pelo seu povo, até ser assassinado.
Pois bem, ao ser instado a fazê-lo, e aceitando ser católico, o rei declarou, como justificativa, que “Paris valia bem uma missa”.
Creio ser um dos mais emblemáticos exemplos do pragmatismo politico, acima das religiões e considerações ligadas a valores e tradição.
Trazendo para o Brasil, e aprofundando para Foz, o que pode parecer traição e descomprometimento ideológico, pode ser visto como puro pragmatismo político, um eufemismo bem conveniente para justificar as aparentemente incompreensíveis mudanças de lado, afinal, vá lá saber se Foz também não vale bem uma missa...
Ah sim, Henrique IV foi considerado um grande rei pelo seu povo, até ser assassinado.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Danos: fatalidade ou incompetência e preguiça?
Então, após o caos gerado pelo temporal de hoje, com todos os estragos que causou, com prejuízos que levarão algum tempo para serem absorvidos, fica a pergunta de sempre; o que poderia ter sido feito para minimizar estes prejuízos?
Nada, dirão muitos, são coisas da vida, a natureza é assim mesmo, ninguém pode prever, e etc., e etc...
Ok, tudo bem, aceito, entendo, e tudo o mais o que politicamente correto for e as elementares regras de convivência me impõem.
Mas e as árvores em risco, que além de não serem podadas com regularidade, quando você identifica algum problema, sempre algum “ecochato”, ou um burocrata preguiçoso, e me inclino mais pela segunda hipótese, alega uma fantasiosa preocupação com o meio ambiente, preocupação esta, que está limitada à afirmação, pois nem as árvores alguém vem avaliar.
Pois bem, basta um temporal, vidros quebrados e telhas quebradas, meu caso em ambas as situações, aliás, só meu não, de muita gente e de muitas casas, e tudo vem abaixo.
Fatalidade ou incompetência e preguiça, fica a pergunta.
Nada, dirão muitos, são coisas da vida, a natureza é assim mesmo, ninguém pode prever, e etc., e etc...
Ok, tudo bem, aceito, entendo, e tudo o mais o que politicamente correto for e as elementares regras de convivência me impõem.
Mas e as árvores em risco, que além de não serem podadas com regularidade, quando você identifica algum problema, sempre algum “ecochato”, ou um burocrata preguiçoso, e me inclino mais pela segunda hipótese, alega uma fantasiosa preocupação com o meio ambiente, preocupação esta, que está limitada à afirmação, pois nem as árvores alguém vem avaliar.
Pois bem, basta um temporal, vidros quebrados e telhas quebradas, meu caso em ambas as situações, aliás, só meu não, de muita gente e de muitas casas, e tudo vem abaixo.
Fatalidade ou incompetência e preguiça, fica a pergunta.
Mais...
Algumas coisas são curiosas, e mais curioso ainda é como e porque são rejeitadas, sem que haja conhecimento especifico, básico, que fundamente esta rejeição.
Li recentemente, um artigo de um destes Pastores eletrônicos, de uma denominação protestante, que vociferava contra o que chamava da ditadura do catolicismo sufocante, responsável, segundo ele, pela dissipação dos bons e velhos costumes, logo, “somos contra os católicos”, ou seja, na afirmação do Pastor, somos contra o geral e universal!?!
O pastor, que creio devia estar bem intencionado, não sabia do que falava, e não falo de considerações teológicas e sim da origem da palavra “católico”, que em grego significa simplesmente geral ou universal, em uma tradução quase, senão literal.
Os adendos apostólica e principalmente romana, estes sim identificam a profissão de fé ou de rito, mas nunca a palavra católica, ao menos que o caro Pastor não queira ser universal e nem geral, e sim restrito a um pequeno de grupo...
Este é só mais um pequeno e sem importância exemplo desta nossa era, onde as coisas são ditas, afirmadas e juradas, com o mesmo fervor e veemência das matérias de TV, rasas e superficiais, só forma, e de discutível valor e sem conteúdo. Aliás, conteúdo é supérfluo, o que vale é a emoção barata e descartável, para ser substituída pela próxima frase de efeito duvidoso, pois a reflexão, por menor que seja, é vista como perda de tempo e lamentável anacronismo...
A ilustração abaixo define bem estes tempos!
Li recentemente, um artigo de um destes Pastores eletrônicos, de uma denominação protestante, que vociferava contra o que chamava da ditadura do catolicismo sufocante, responsável, segundo ele, pela dissipação dos bons e velhos costumes, logo, “somos contra os católicos”, ou seja, na afirmação do Pastor, somos contra o geral e universal!?!
O pastor, que creio devia estar bem intencionado, não sabia do que falava, e não falo de considerações teológicas e sim da origem da palavra “católico”, que em grego significa simplesmente geral ou universal, em uma tradução quase, senão literal.
Os adendos apostólica e principalmente romana, estes sim identificam a profissão de fé ou de rito, mas nunca a palavra católica, ao menos que o caro Pastor não queira ser universal e nem geral, e sim restrito a um pequeno de grupo...
Este é só mais um pequeno e sem importância exemplo desta nossa era, onde as coisas são ditas, afirmadas e juradas, com o mesmo fervor e veemência das matérias de TV, rasas e superficiais, só forma, e de discutível valor e sem conteúdo. Aliás, conteúdo é supérfluo, o que vale é a emoção barata e descartável, para ser substituída pela próxima frase de efeito duvidoso, pois a reflexão, por menor que seja, é vista como perda de tempo e lamentável anacronismo...
A ilustração abaixo define bem estes tempos!
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Cuidado, vc é um refém de sua indiferença...
Então caros amigos, não gosto e nem nunca falo destes assuntos, mas este em particular, não posso me calar, é sobre a Caixa Econômica Federal. Fiz um depósito em cheque, no dia 10, extamente as 14:38, conforme comprovante em meu poder, de um cheque da própria Caixa, da agencia da República Argentina, aqui mesmo em Foz do Iguaçu.
Pois bem, como todos sabem, penso eu, com base no texto do comprovante, é pedido um prazo de 24 horas para a compensação. Ok entendo, apesar de ser uma regra unilateral, vez que os débitos são online, vá lá, ao fazer o depósito está implícita a aceitação de quem deposita.
Bom, hoje é quarta-feira, 12.12, e nada de desbloquear o cheque, estranho, pois pelas minhas contas, já passavam de 48 horas para uma compensação de 24 horas. Engoli em seco e fui até Caixa, na nova sua agencia, ali ao lado do MAX, na Marechal. Lá fui atendido por uma moça que me disse que havia um problema com a compensação e que deveria procura um gerente, deu-me o nome de Evandro, não sei seu sobrenome e nem estava no crachá, penso que para estabelecer uma certa intimidade e nunca para ocultar o sobrenome.
Fui bem atendido, o rapaz mostrou-se covenientemente interessado no meu problema, pois lhe disse que tinha que fazer pagamentos e que o problema de compensação não acalmaria meus credores. Evandro, este o nome dele, fez um telefonema, não sei para quem, solicitando informações e dizendo que dentro de meia hora teria alguma resposta. Esperei.
Passado este período, me veio com um papelucho onde estava escrito algumas informações sobre uma resolução do Banco Central que ampara estas falhas, erros no sistema, ou coisa pior que poderia dizer, mas me abstenho. Reproduzo para vocês o que me foi dito, ou seja, a informação do Evandro, que apesar de simpático, pareceu-me cioso demais de seu papel, esquecido talvez, que os clientes deveriam ser a razão de uma instituição financeira, ainda mais uma onde o nosso triste e acossado por denúncias de corrupção "desgoverno", é o maior acionista.
Segundo o cioso funcionário, trata-se de uma circular do Banco Central No. 003532, de 25.04.2011, em seu artigo 15, parágrafo 2, se bem entendi a letra do pedaço de papel que foi passado, onde, pasmem, no caso de “cagada” no sistema, o BC autoriza que a instituição tenha mais 24 horas para efetuar a compensação!!!! Ou seja, se der merda, quem paga somos nós!
Se você porventura atrasar algum pagamento, e não contar com a leniência de seu credor, a instituição jamais vai aboná-lo, mas quando ela erra, existem circulares do BC que a perdoam e protegem...
Estou redigindo esta nota por volta de 17:30 horas, do dia 12, mais de 48 horas do depósito, e soube, pelo mesmo funcionário, que somente amanha dia 13.12, ou seja, decorridas mais de 72 horas, eu teria a liberação do meu depósito, portanto não 24 e sim 48 horas após as 24 previstas!!!
Penso que nada mais devo dizer, só lamentar este triste sistema, esta triste instituição, este triste governo e este triste e equivocado povo que perpetua o desrespeito expresso naqueles que elege, e se couberem providências, o que duvido, não hesitarei em adotá-las.
Lamento que uma instituição que conta com pessoas da estatura, liderança, grandeza e respeitabilidade de uma pessoa como a amiga Cristina Delgado, possam ser tão pobres em suas ações.
E viva o povo brasileiro refém de sua indiferença...
Pois bem, como todos sabem, penso eu, com base no texto do comprovante, é pedido um prazo de 24 horas para a compensação. Ok entendo, apesar de ser uma regra unilateral, vez que os débitos são online, vá lá, ao fazer o depósito está implícita a aceitação de quem deposita.
Bom, hoje é quarta-feira, 12.12, e nada de desbloquear o cheque, estranho, pois pelas minhas contas, já passavam de 48 horas para uma compensação de 24 horas. Engoli em seco e fui até Caixa, na nova sua agencia, ali ao lado do MAX, na Marechal. Lá fui atendido por uma moça que me disse que havia um problema com a compensação e que deveria procura um gerente, deu-me o nome de Evandro, não sei seu sobrenome e nem estava no crachá, penso que para estabelecer uma certa intimidade e nunca para ocultar o sobrenome.
Fui bem atendido, o rapaz mostrou-se covenientemente interessado no meu problema, pois lhe disse que tinha que fazer pagamentos e que o problema de compensação não acalmaria meus credores. Evandro, este o nome dele, fez um telefonema, não sei para quem, solicitando informações e dizendo que dentro de meia hora teria alguma resposta. Esperei.
Passado este período, me veio com um papelucho onde estava escrito algumas informações sobre uma resolução do Banco Central que ampara estas falhas, erros no sistema, ou coisa pior que poderia dizer, mas me abstenho. Reproduzo para vocês o que me foi dito, ou seja, a informação do Evandro, que apesar de simpático, pareceu-me cioso demais de seu papel, esquecido talvez, que os clientes deveriam ser a razão de uma instituição financeira, ainda mais uma onde o nosso triste e acossado por denúncias de corrupção "desgoverno", é o maior acionista.
Segundo o cioso funcionário, trata-se de uma circular do Banco Central No. 003532, de 25.04.2011, em seu artigo 15, parágrafo 2, se bem entendi a letra do pedaço de papel que foi passado, onde, pasmem, no caso de “cagada” no sistema, o BC autoriza que a instituição tenha mais 24 horas para efetuar a compensação!!!! Ou seja, se der merda, quem paga somos nós!
Se você porventura atrasar algum pagamento, e não contar com a leniência de seu credor, a instituição jamais vai aboná-lo, mas quando ela erra, existem circulares do BC que a perdoam e protegem...
Estou redigindo esta nota por volta de 17:30 horas, do dia 12, mais de 48 horas do depósito, e soube, pelo mesmo funcionário, que somente amanha dia 13.12, ou seja, decorridas mais de 72 horas, eu teria a liberação do meu depósito, portanto não 24 e sim 48 horas após as 24 previstas!!!
Penso que nada mais devo dizer, só lamentar este triste sistema, esta triste instituição, este triste governo e este triste e equivocado povo que perpetua o desrespeito expresso naqueles que elege, e se couberem providências, o que duvido, não hesitarei em adotá-las.
Lamento que uma instituição que conta com pessoas da estatura, liderança, grandeza e respeitabilidade de uma pessoa como a amiga Cristina Delgado, possam ser tão pobres em suas ações.
E viva o povo brasileiro refém de sua indiferença...
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
A herança
O século XIX foi um dos mais pródigos em mudanças de nossa história contemporânea. Foi o século das últimas guerras provincianas quase obrigatórias que assolavam a Europa, o século das grandes descobertas, das invenções que hoje ainda nos beneficiamos, o telefone, luz elétrica, locomotivas, da fotografia, do toca-discos, e mais uma infinidade de coisas, algumas em uso, outras através de seus sucedâneos, e outras que perderam a razão de ser.
Foi também o século do romantismo, do simbolismo, do realismo, do impressionismo, do neoclassicismo e mais outros ismos..., foi século de Darwin, de Gauss, de Dalton e o século berço de Freud. Foi um século de poetas e loucos sonhadores.
O século XX colheu estes frutos, os trabalhou, para o bem ou para mal, mas dele fez uso, o honrou das mais diversas formas, se aumentou a herança ou dilapidou-a, depende do lado em que você está, mas o fato é que houve uma herança a ser usufruída, o século XX, resgatou a revolta ideológica, gerou a inquietude do pensar, provocou, ou como dizem hoje em dia, “causou”.
E o século XXI, em que se destaca? O que nestes 12 anos o caracteriza? No culto ao duvidoso lúdico, ou na iconização do supérfluo? Tem tempo ainda, ou melhor, o século tem, eu não, mas tenho a esperança que esta fase tão pobre, tão rica em superlativos estéreis, tão farta de adjetivos vazios, seja só uma preparação para um grande século, que seja só um recuo da humanidade para tomar impulso, e que os ismos deste século, não sejam só consumismo, pedantismo, “fakeismo”, e outras bobagens tão em moda como estas.
PS. Orson Welles sabia o que estava fazendo...
Foi também o século do romantismo, do simbolismo, do realismo, do impressionismo, do neoclassicismo e mais outros ismos..., foi século de Darwin, de Gauss, de Dalton e o século berço de Freud. Foi um século de poetas e loucos sonhadores.
O século XX colheu estes frutos, os trabalhou, para o bem ou para mal, mas dele fez uso, o honrou das mais diversas formas, se aumentou a herança ou dilapidou-a, depende do lado em que você está, mas o fato é que houve uma herança a ser usufruída, o século XX, resgatou a revolta ideológica, gerou a inquietude do pensar, provocou, ou como dizem hoje em dia, “causou”.
E o século XXI, em que se destaca? O que nestes 12 anos o caracteriza? No culto ao duvidoso lúdico, ou na iconização do supérfluo? Tem tempo ainda, ou melhor, o século tem, eu não, mas tenho a esperança que esta fase tão pobre, tão rica em superlativos estéreis, tão farta de adjetivos vazios, seja só uma preparação para um grande século, que seja só um recuo da humanidade para tomar impulso, e que os ismos deste século, não sejam só consumismo, pedantismo, “fakeismo”, e outras bobagens tão em moda como estas.
PS. Orson Welles sabia o que estava fazendo...
Na boa e esperançosa expectativa
Pois é, o prefeito eleito, Reni Pereira, continua anunciando a conta-gotas o seu secretariado. E mais, falando em interinidade, em revisão de funções, em alteração de secretarias e em fusão de outras. Tudo bem, e por dois grandes motivos, penso eu, o primeiro deles, e mais importante, é que ele é o prefeito, portanto, salvo as composições políticas de praxe, cabe a ele decidir quem e quando.
O segundo motivo, não menos importante, só um pouco menos, é que, segundo informações divulgadas, não sabe ainda o que vai encontrar pela frente, se o caos, como pregam alguns ou somente uma situação bem difícil, como parece ser.
No entanto, ninguém governa sozinho, governa com aliados e tenta compor, quando possível e lícito, com adversários. Em política, nada acontece de forma isolada, Reni assume com olhos também em 2014, que promete uma disputa bem acirrada, ao contrário do que se poderia supor há menos de um ano. Decisões equivocadas, apoios ao largo do ideário do partido, ao meu juízo, geraram uma situação de dúvida onde poderia haver certeza.
Espero e acredito que Reni, com a habilidade já demonstrada em outras situações, saiba e saberá, conduzir esta formação de seu secretariado de acordo com os seus aliados históricos e de comprometimento já testado. No mais, ele sabe o que faz e porque faz, só nos cabe esperar por boas decisões que levem a um bom governo.
O segundo motivo, não menos importante, só um pouco menos, é que, segundo informações divulgadas, não sabe ainda o que vai encontrar pela frente, se o caos, como pregam alguns ou somente uma situação bem difícil, como parece ser.
No entanto, ninguém governa sozinho, governa com aliados e tenta compor, quando possível e lícito, com adversários. Em política, nada acontece de forma isolada, Reni assume com olhos também em 2014, que promete uma disputa bem acirrada, ao contrário do que se poderia supor há menos de um ano. Decisões equivocadas, apoios ao largo do ideário do partido, ao meu juízo, geraram uma situação de dúvida onde poderia haver certeza.
Espero e acredito que Reni, com a habilidade já demonstrada em outras situações, saiba e saberá, conduzir esta formação de seu secretariado de acordo com os seus aliados históricos e de comprometimento já testado. No mais, ele sabe o que faz e porque faz, só nos cabe esperar por boas decisões que levem a um bom governo.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Um sábado com dois dias de atraso..
Amor é uma palavra fácil, que flui descompromissada nos livros, poemas, letras de música e nas redes sociais. Entre a palavra e o sentimento, aprofunda-se o abismo do entendimento, privilegia-se a declaração inspirada ao sentir de fato.
É fácil e gostoso falar de amor, pega bem, passa uma ideia de romantismo, tão falado e tão pouco praticado, mas enfim, faz parte de uma época estranha, onde o real e o imaginário se mesclam despudoradamente, e com absoluta ausência de compromisso com a perdida coerência, é o triunfo da forma sobre o conteúdo.
As pessoas, e acredito piamente com a melhor intenção possível, copiam compulsivamente e postam afirmações e pensamentos alugados. Creio que sintam a força e pertinência deles, mas os deixam restritos à sua própria divulgação, se sensibilizam, apoiam e esquecem diante dos fatos, pois as coisas nem sempre são tão coloridas e bem intencionadas quanto os posts em redes sociais querem fazer crer.
A vida é crua e nua, é matéria-prima, tem que ser trabalhada, não pode ser entendida e vivida como produto de consumo rápido colhido nas prateleiras da internet, este varejão vulgariza sentimentos, funciona como catarses não completas, é só uma parte, é só uma metade, é só uma amostra, sempre há mais, além dos quiosques de degustação, além da régua rasa do sentimento imitado.
É fácil e gostoso falar de amor, pega bem, passa uma ideia de romantismo, tão falado e tão pouco praticado, mas enfim, faz parte de uma época estranha, onde o real e o imaginário se mesclam despudoradamente, e com absoluta ausência de compromisso com a perdida coerência, é o triunfo da forma sobre o conteúdo.
As pessoas, e acredito piamente com a melhor intenção possível, copiam compulsivamente e postam afirmações e pensamentos alugados. Creio que sintam a força e pertinência deles, mas os deixam restritos à sua própria divulgação, se sensibilizam, apoiam e esquecem diante dos fatos, pois as coisas nem sempre são tão coloridas e bem intencionadas quanto os posts em redes sociais querem fazer crer.
A vida é crua e nua, é matéria-prima, tem que ser trabalhada, não pode ser entendida e vivida como produto de consumo rápido colhido nas prateleiras da internet, este varejão vulgariza sentimentos, funciona como catarses não completas, é só uma parte, é só uma metade, é só uma amostra, sempre há mais, além dos quiosques de degustação, além da régua rasa do sentimento imitado.
sábado, 8 de dezembro de 2012
Gazua
Legal, o The Economist nos pauta agora? Por que a presidente Dilma deu guarida e acusou o golpe? Ora, sem entrar no mérito da opinião da publicação, é preciso entender que não somos mais o quintal do primeiro mundo. E mais, quem opina? Quem está em um continente em plena crise?
Lamento que a presidente tenha respondido, tenha dado eco a um choro financiado por investidores que vivem como vampiros à custa de nossas obscenas taxas de juros.
Não concordo com a atual política econômica do governo federal, não acho a atual ministro a altura do cargo, discordo dos rumos macroeconômicos que estamos seguindo, mas, discordo mais ainda dos palpiteiros assalariados que querem forçar a nossa porta com gazuas de mídia.
Cuidem de seus problemas, que não são poucos e deixem-nos em paz, com os nossos que também são grandes.
Lamento que a presidente tenha respondido, tenha dado eco a um choro financiado por investidores que vivem como vampiros à custa de nossas obscenas taxas de juros.
Não concordo com a atual política econômica do governo federal, não acho a atual ministro a altura do cargo, discordo dos rumos macroeconômicos que estamos seguindo, mas, discordo mais ainda dos palpiteiros assalariados que querem forçar a nossa porta com gazuas de mídia.
Cuidem de seus problemas, que não são poucos e deixem-nos em paz, com os nossos que também são grandes.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Mosaico?
Muitas pessoas falam que a vida é um mosaico, tudo bem, posso até concordar, o que não entendo são os desenhos que mudam em um mosaico que deveria ser perene.
Penso, ou ao menos penso que penso, que estamos sempre diante de um quebra cabeças interminável onde ao colocar uma peça que parecia ser definitiva, sempre um novo quadro se apresenta, desafiando o conforto da continuidade.
O impressionante, o incompreensível, é a volatilidade dos sentimentos declarados, se desfazem no ar dos julgamentos severos e servem de alimento básico para a voracidade das dúvidas, são devorados pela volúpia das compulsões, e se quedam inertes, o que sobra, nos pratos largados do esquecimento.
A trilha não é um caminho, a trilha é a possibilidade de um caminho, que pode levar à volta da partida.
Penso, ou ao menos penso que penso, que estamos sempre diante de um quebra cabeças interminável onde ao colocar uma peça que parecia ser definitiva, sempre um novo quadro se apresenta, desafiando o conforto da continuidade.
O impressionante, o incompreensível, é a volatilidade dos sentimentos declarados, se desfazem no ar dos julgamentos severos e servem de alimento básico para a voracidade das dúvidas, são devorados pela volúpia das compulsões, e se quedam inertes, o que sobra, nos pratos largados do esquecimento.
A trilha não é um caminho, a trilha é a possibilidade de um caminho, que pode levar à volta da partida.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Jogando conversa fora
Injustiça é um sentimento estranho e controverso. Afinal em que consiste a injustiça? Em ser acusado do que não fez, ou ser julgado sem direto a defesa? Na verdade não sei definir e nem tampouco dizer o que pode ser.
Tem horas, momentos, em que de nada adianta falar, o foco se perde, a argumentação fica restrita somente ao vencer ou perder a discussão, o mérito é perdido, a razão da injustiça sentida perde a força diante do desânimo, a renúncia ao confronto não é uma aceitação de derrota, longe disto, é uma forma de buscar o compasso perdido, rever-se, render-se se preciso for ao fato, aceitá-lo na sua essência e não na sua manifestação externa.
Tem momentos em que as coisas fogem à compreensão lógica das coisas, pertencem á outras e fantasiadas situações que simulam e interpretam personagens que estão à mão, perdem e perdem-se, na confusão das certezas que se criam, sejam reais ou não, mas que sempre dizem alguma coisa além do objeto primevo.
Injustiça é uma sensação particular, pois afinal em que consiste a justiça? Na habilidade de argumentos ou na pertinência da acusação? Não existem respostas razoáveis para estas perguntas, pois às vezes deixam de serem perguntas e viram afirmações que atendem à desejos e razões que a própria razão comum tenta não entender, pois no fundo de tudo sempre estará a grande pergunta que nunca cala; o que muda afinal?
Penso que nada, pois quando a injustiça se faz, e é sentida, de nada adianta desfazer e esclarecer, o foco muda do objeto para a acusação e a isto nada pode mudar, o que está feito, está feito.
Tem horas, momentos, em que de nada adianta falar, o foco se perde, a argumentação fica restrita somente ao vencer ou perder a discussão, o mérito é perdido, a razão da injustiça sentida perde a força diante do desânimo, a renúncia ao confronto não é uma aceitação de derrota, longe disto, é uma forma de buscar o compasso perdido, rever-se, render-se se preciso for ao fato, aceitá-lo na sua essência e não na sua manifestação externa.
Tem momentos em que as coisas fogem à compreensão lógica das coisas, pertencem á outras e fantasiadas situações que simulam e interpretam personagens que estão à mão, perdem e perdem-se, na confusão das certezas que se criam, sejam reais ou não, mas que sempre dizem alguma coisa além do objeto primevo.
Injustiça é uma sensação particular, pois afinal em que consiste a justiça? Na habilidade de argumentos ou na pertinência da acusação? Não existem respostas razoáveis para estas perguntas, pois às vezes deixam de serem perguntas e viram afirmações que atendem à desejos e razões que a própria razão comum tenta não entender, pois no fundo de tudo sempre estará a grande pergunta que nunca cala; o que muda afinal?
Penso que nada, pois quando a injustiça se faz, e é sentida, de nada adianta desfazer e esclarecer, o foco muda do objeto para a acusação e a isto nada pode mudar, o que está feito, está feito.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
A triste morte da esperança
Hoje, andando pelo centro da cidade, vi uma mulher, moça, não mais que trinta anos, com um uma criança de colo, um bebê.
Ela estava sentada em um ponto de ônibus, não pedia nada a ninguém, as roupas eram bem humildes, mas pareciam limpas e bem cuidadas, o sol castigava quem lá estava, inclemente como o descaso do poder público que não liga para quem espera em pontos de ônibus.
Mas não é esta a consideração que quero fazer, em que pese querer muito que estes gestores um dia precisem do transporte coletivo e que sintam na pele este desrespeito continuado para com a população.
O que me impressionou foi olhar dela, seco, vazio e sem a centelha da esperança. A esperança pode ser uma ilusão, e muitas vezes o é, mas é a barreira que nos separa do desencanto com a vida. Quando se perde a esperança, perde-se a última alternativa, perde-se o sonho, perde-se a razão de tentar, deixa-se de viver, passa-se a existir, renuncia-se ao protagonismo, assume-se a figuração, passamos a ser parte da paisagem, passamos a ser moldura, deixamos de ser ato e viramos fato passivo, rifamos o nosso lugar, renunciamos a nós mesmos.
A esperança se vista e analisada no seu foco, pode ser até estúpida e ilusória, mas sentir esperança é o que nos faz viver e tentar, sempre mais uma vez, e outra vez, e mais outra, até sempre, até que nos afoguemos nela.
Ela estava sentada em um ponto de ônibus, não pedia nada a ninguém, as roupas eram bem humildes, mas pareciam limpas e bem cuidadas, o sol castigava quem lá estava, inclemente como o descaso do poder público que não liga para quem espera em pontos de ônibus.
Mas não é esta a consideração que quero fazer, em que pese querer muito que estes gestores um dia precisem do transporte coletivo e que sintam na pele este desrespeito continuado para com a população.
O que me impressionou foi olhar dela, seco, vazio e sem a centelha da esperança. A esperança pode ser uma ilusão, e muitas vezes o é, mas é a barreira que nos separa do desencanto com a vida. Quando se perde a esperança, perde-se a última alternativa, perde-se o sonho, perde-se a razão de tentar, deixa-se de viver, passa-se a existir, renuncia-se ao protagonismo, assume-se a figuração, passamos a ser parte da paisagem, passamos a ser moldura, deixamos de ser ato e viramos fato passivo, rifamos o nosso lugar, renunciamos a nós mesmos.
A esperança se vista e analisada no seu foco, pode ser até estúpida e ilusória, mas sentir esperança é o que nos faz viver e tentar, sempre mais uma vez, e outra vez, e mais outra, até sempre, até que nos afoguemos nela.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
De quem é a culpa, ou não existem culpados?
Denúncia, denúncia, denúncia, todos os dias a mídia denuncia, os repórteres chegam a babar de satisfação ao contar os escândalos e falcatruas.
E nós? Assistimos pasmos ou indiferentes, quem sabe indignados alguns, ou este sentimento já passa ao largo de nossas vidas?
O que acham da sugestão de uma CPI sobre o povo brasileiro, que é quem os elege?
Será que padecemos da volúpia doentia de sermos enganados, ou só somos indiferentes e não damos a menor importância às eleições?
Inclino-me pela segunda hipótese, afinal até nestas últimas eleições, gritam exemplos disto.
Cada povo tem o governo que merece, é o risco da democracia.
E nós? Assistimos pasmos ou indiferentes, quem sabe indignados alguns, ou este sentimento já passa ao largo de nossas vidas?
O que acham da sugestão de uma CPI sobre o povo brasileiro, que é quem os elege?
Será que padecemos da volúpia doentia de sermos enganados, ou só somos indiferentes e não damos a menor importância às eleições?
Inclino-me pela segunda hipótese, afinal até nestas últimas eleições, gritam exemplos disto.
Cada povo tem o governo que merece, é o risco da democracia.
No sol da Sardenha
Os pelicanos feridos de Unamuno voam exaustos sob o céu quente dos ventos de verão, mar calmo, luz intensa, sol forte, terra seca.
A graça trágica de seu voo desenha linhas imprecisas nas nuvens efêmeras, celebrando um momento fugaz perdido na claridade ofuscante do dia.
A terra geme e reclama sua sede, tudo arde, de suas entranhas crestadas sobe o vapor da súplica pela chuva, terra dolorida.
A linha do horizonte, cega pela miragem do calor feroz emenda dimensões, aproxima níveis, confunde sensações.
Os pelicanos voam rumo ao seu destino impreciso, no céu seco sobre a terra vermelha queimada de sol, sob o olhar indiferente do mar eterno debruçado lânguido na areia branca.
A graça trágica de seu voo desenha linhas imprecisas nas nuvens efêmeras, celebrando um momento fugaz perdido na claridade ofuscante do dia.
A terra geme e reclama sua sede, tudo arde, de suas entranhas crestadas sobe o vapor da súplica pela chuva, terra dolorida.
A linha do horizonte, cega pela miragem do calor feroz emenda dimensões, aproxima níveis, confunde sensações.
Os pelicanos voam rumo ao seu destino impreciso, no céu seco sobre a terra vermelha queimada de sol, sob o olhar indiferente do mar eterno debruçado lânguido na areia branca.
O conforto do provisório
Nada é tão definitivo e forte quanto o provisório.
Já li isto várias vezes e nas mais diversas variações e versões, todas significando a mesma coisa. Todos temos uma relação de amor e ódio com o provisório. Se por um lado gera insegurança nos mais ansiosos, por outro, facilita decisões, pela simples razão de não ter que tomá-las, ou se o fizermos, de poderem ser revistas sem grandes concessões ou recuos.
O provisório permite ao mesmo tempo, o benefício da decisão tomada, e o tempo ampliado da reflexão, uma espécie de experimento vivido do resultado.
Mas por que tende a se tornar definitivo, mesmo que não admitido?
Penso que seja pelo conforto das ações em suspenso, por descer do muro com uma escada próxima, por manter navios no porto, por ter volta.
Mesmo que não queimemos nossos navios, estes podem até se desmanchar atracados, mas sempre manterão a ilusão da volta, do retorno, e quanto mais confortável for este sentimento, mais definitiva se torna a opção, mesmo que provisória...
Já li isto várias vezes e nas mais diversas variações e versões, todas significando a mesma coisa. Todos temos uma relação de amor e ódio com o provisório. Se por um lado gera insegurança nos mais ansiosos, por outro, facilita decisões, pela simples razão de não ter que tomá-las, ou se o fizermos, de poderem ser revistas sem grandes concessões ou recuos.
O provisório permite ao mesmo tempo, o benefício da decisão tomada, e o tempo ampliado da reflexão, uma espécie de experimento vivido do resultado.
Mas por que tende a se tornar definitivo, mesmo que não admitido?
Penso que seja pelo conforto das ações em suspenso, por descer do muro com uma escada próxima, por manter navios no porto, por ter volta.
Mesmo que não queimemos nossos navios, estes podem até se desmanchar atracados, mas sempre manterão a ilusão da volta, do retorno, e quanto mais confortável for este sentimento, mais definitiva se torna a opção, mesmo que provisória...
sábado, 1 de dezembro de 2012
Ainda não sei o que é ser forte...
Logo no inicio do blog, escrevi um texto sobre ser forte, que teve até agora mais de 1.500 acessos, e ainda se mantém entre os mais acessados. Pois bem, relendo o que fiz, vejo que a expressão “ser forte”, tem muito apelo, mas pouca substância.
Certas “verdades” universalmente aceitas são como plantas frondosas de raízes pouco profundas e em solo raso. Não resistem a um vendaval ou uma chuva mais forte. São receitas de placebos de que nos valemos com ansiosa e cega crença de cura.
No fundo de nossos lagos internos, tudo é escuro e indefinido, tem lama, detritos e pedras, são mais bonitos vistos das margens, mais seguros na superfície. Ninguém se “livra" do que viveu, vivenciou, acumula, de forma ordenada ou não, catalogada ou não, mas é impossível descartar esta bagagem, o máximo que podemos fazer é ampliar nossos armários internos, buscar espaços para estes guardados de modo que não atrapalhem o nosso trânsito por aqueles que estão em uso.
Somos o que vivemos, mesmo nem lembremos mais e nem tenhamos certeza de quem somos.
Certas “verdades” universalmente aceitas são como plantas frondosas de raízes pouco profundas e em solo raso. Não resistem a um vendaval ou uma chuva mais forte. São receitas de placebos de que nos valemos com ansiosa e cega crença de cura.
No fundo de nossos lagos internos, tudo é escuro e indefinido, tem lama, detritos e pedras, são mais bonitos vistos das margens, mais seguros na superfície. Ninguém se “livra" do que viveu, vivenciou, acumula, de forma ordenada ou não, catalogada ou não, mas é impossível descartar esta bagagem, o máximo que podemos fazer é ampliar nossos armários internos, buscar espaços para estes guardados de modo que não atrapalhem o nosso trânsito por aqueles que estão em uso.
Somos o que vivemos, mesmo nem lembremos mais e nem tenhamos certeza de quem somos.
O culto da asneira e do fake
Ontem postei no facebook um comentário rápido sobre a minha crescente indignação que tenho certeza vai acabar virando enfado e indiferença, devido à impotência diante de um movimento vencedor, ou seja, o do fake, o do faz de conta, o da hipocrisia institucionalizada e iconizada por uma mídia sem escrúpulos e em muitos casos até sem instrução.
Tenho às vezes a clara sensação que ainda serei estigmatizado por saber ler, por não morar no morro ou na favela, por tentar usar os “esses” nos plurais, tentar, quando possível, utilizar-me das concordâncias e outras bobagens sem valor hoje em dia.
O me irrita é que todos queríamos, ou a maioria, a ascensão das classes menos favorecidas, seu franco acesso à educação, aos hábitos mais saudáveis de vida, que lhes eram negados pelo estado de penúria assassina a que eram submetidos.
Pois bem, o que leio, o que vejo na TV, nos comerciais, é o contrário. Vivemos uma era de nivelar por baixo, de quando ao falar de classe C, imediatamente nos levar a uma “cultura” de falsas emoções, do pieguismo, do mau português, dos valores duvidosos, o que é um enorme e preconceituoso erro.
Não sou dado a crer em teorias de conspiração, mas ao assistir esta asneira monumental que povoa a nossa mídia, me sinto tentado em achar que deve ser coisa de elites raivosas e assustadas, que querem criar senzalas culturais, como forma de manter seus históricos privilégios.
Tenho às vezes a clara sensação que ainda serei estigmatizado por saber ler, por não morar no morro ou na favela, por tentar usar os “esses” nos plurais, tentar, quando possível, utilizar-me das concordâncias e outras bobagens sem valor hoje em dia.
O me irrita é que todos queríamos, ou a maioria, a ascensão das classes menos favorecidas, seu franco acesso à educação, aos hábitos mais saudáveis de vida, que lhes eram negados pelo estado de penúria assassina a que eram submetidos.
Pois bem, o que leio, o que vejo na TV, nos comerciais, é o contrário. Vivemos uma era de nivelar por baixo, de quando ao falar de classe C, imediatamente nos levar a uma “cultura” de falsas emoções, do pieguismo, do mau português, dos valores duvidosos, o que é um enorme e preconceituoso erro.
Não sou dado a crer em teorias de conspiração, mas ao assistir esta asneira monumental que povoa a nossa mídia, me sinto tentado em achar que deve ser coisa de elites raivosas e assustadas, que querem criar senzalas culturais, como forma de manter seus históricos privilégios.
Politicamente incorreto sim, mas historicamente também?
Estou relendo o livro de Leandro Narloch, "Guia politicamente incorreto da história do Brasil", da Texto Editores Ltda. - Grupo Leya.
Pois bem, tirando um certo revisionismo amargo e fruto do contraditório pelo contraditório, o autor traz coisas muito interessantes sobre aspectos da nossa pátria mãe gentil..., o primeiro deles diz respeito aos índios e o genocídio praticado pelos brancos conquistadores.
O autor, amparado em inúmeras fontes, várias delas dignas de crédito reconhecido em larga escala, afirma que foram os índios quem mais mataram índios na aurora de nossa história, e ainda propõem uma tese curiosa, onde afirma, também amparado em autores e pesquisas, que muitos índios “deixaram” de sê-lo, ao por moto próprio buscarem se misturar à cultura dos brancos.
Bem, salvo alguns exageros e a clara tentativa de ser polêmico, algumas conclusões são válidas, pois os grandes bandeirantes, outrora heróis, hoje vilões, eram na sua maioria mestiços de primeira geração.
E por aí vai, recomendo a leitura àqueles que têm curiosidade, aos que comungam desta mesma visão e até àqueles que queiram se irritar com a meticulosa e sarcástica demolição de nossos mitos recentes.
Tomando-se por base o festival de asneiras raivosas que assola boa parte de nossos livros didáticos, relendo com uma falta de pudor stalinista a nossa história, não deixa de ser interessante ler algo que vai na contramão desta execrável tendência.
Ah, no segundo tema abordado, a escravidão, a coisa piora, mas disto falo outro dia...
Pois bem, tirando um certo revisionismo amargo e fruto do contraditório pelo contraditório, o autor traz coisas muito interessantes sobre aspectos da nossa pátria mãe gentil..., o primeiro deles diz respeito aos índios e o genocídio praticado pelos brancos conquistadores.
O autor, amparado em inúmeras fontes, várias delas dignas de crédito reconhecido em larga escala, afirma que foram os índios quem mais mataram índios na aurora de nossa história, e ainda propõem uma tese curiosa, onde afirma, também amparado em autores e pesquisas, que muitos índios “deixaram” de sê-lo, ao por moto próprio buscarem se misturar à cultura dos brancos.
Bem, salvo alguns exageros e a clara tentativa de ser polêmico, algumas conclusões são válidas, pois os grandes bandeirantes, outrora heróis, hoje vilões, eram na sua maioria mestiços de primeira geração.
E por aí vai, recomendo a leitura àqueles que têm curiosidade, aos que comungam desta mesma visão e até àqueles que queiram se irritar com a meticulosa e sarcástica demolição de nossos mitos recentes.
Tomando-se por base o festival de asneiras raivosas que assola boa parte de nossos livros didáticos, relendo com uma falta de pudor stalinista a nossa história, não deixa de ser interessante ler algo que vai na contramão desta execrável tendência.
Ah, no segundo tema abordado, a escravidão, a coisa piora, mas disto falo outro dia...
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Lamento
Lamento. Morre uma das mais importantes vozes do jornalismo econômico "descomplicado", que nunca precisou de "dialetos pretensiosos" para expor uma ideia, uma posição, dar uma opinião.
Não creio que deixe sucessores com a mesma característica, o que é uma pena na minha visão.
Joelmir Beting (1936 - 2012)
Não creio que deixe sucessores com a mesma característica, o que é uma pena na minha visão.
Joelmir Beting (1936 - 2012)
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Soneto da Fidelidade, perdão Vinicius...
De tudo ao meu amor serei atento (menos na hora do futebol),
Antes, e com tal zelo, e sempre e tanto, que mesmo em face ao menor encanto (salvo uma caixa de cerveja gelada), dele se encante mais meu pensamento (se não estiver ocupado com a carne na churrasqueira),
Quero vivê-lo em cada vão momento, e em seu louvor hei de espalhar meu canto (não na sesta depois da comida) e rir meu riso (quando o Grêmio ganha) e derramar meu pranto (quando vejo a Xuxa e o Faustão) ao seu pesar e contentamento (Vinicius não tinha DVD),
E assim quando mais tarde me procure (os credores furiosos), quem sabe a morte, angústia de quem vive (preciso parar de beber), quem sabe a solidão fim de quem ama (Oba!!!),
Possa me dizer do amor que tive, que não seja imortal (olha o Grêmio de novo) posto que é chama (e às vezes arde demais), mas que seja infinito enquanto dure. (é, bem assim...rsrsrs)
Depois desta mereço 10 anos de prisão lendo os poemas do Pedro Bial e escutando músicas do Pelé...
Perdão mestre!
Antes, e com tal zelo, e sempre e tanto, que mesmo em face ao menor encanto (salvo uma caixa de cerveja gelada), dele se encante mais meu pensamento (se não estiver ocupado com a carne na churrasqueira),
Quero vivê-lo em cada vão momento, e em seu louvor hei de espalhar meu canto (não na sesta depois da comida) e rir meu riso (quando o Grêmio ganha) e derramar meu pranto (quando vejo a Xuxa e o Faustão) ao seu pesar e contentamento (Vinicius não tinha DVD),
E assim quando mais tarde me procure (os credores furiosos), quem sabe a morte, angústia de quem vive (preciso parar de beber), quem sabe a solidão fim de quem ama (Oba!!!),
Possa me dizer do amor que tive, que não seja imortal (olha o Grêmio de novo) posto que é chama (e às vezes arde demais), mas que seja infinito enquanto dure. (é, bem assim...rsrsrs)
Depois desta mereço 10 anos de prisão lendo os poemas do Pedro Bial e escutando músicas do Pelé...
Perdão mestre!
sábado, 24 de novembro de 2012
Arquivos ou quartos de despejo?
Tem momentos em que você duvida do que sabe, duvida da bagagem acumulada ao longo do tempo. Veja só, quando você arruma um armário, uma gaveta, a tendência é manter coisas que você sabe que nunca vai usar, o que faz com que você não as descarte?
O apego é uma coisa estranha, não tem razões lógicas, pertence ao inconsciente, que se manifesta no consciente nas mais diversas formas, com num sentido sem sentido parecido como o do sonho, está lá, e com uma lógica própria.
Por vezes penso em arquivos, mas logo descarto em favor de um quarto de despejo, de um quarto em que você joga coisas, na expectativa de um dia usá-las ou entendê-las. Penso que a razão, se é que existe, que nos faz agirmos assim é a expectativa indefinida, não catalogada, de alguma coisa não resolvida e sem saber por que.
Não sei se somos reféns de perguntas ou de respostas, as perguntas honestas são fruto da curiosidade pura, as respostas podem ser produtos de busca dirigida, afinal existem mais respostas que perguntas, e todas em busca de perguntas que as justifiquem.
Penso que ao invés da pergunta que não quer calar, o dilema maior é a resposta que busca sua razão e origem, aquela que busca a pergunta que não nasceu da dúvida e nem da curiosidade, mas da inquietação indefinida.
O apego é uma coisa estranha, não tem razões lógicas, pertence ao inconsciente, que se manifesta no consciente nas mais diversas formas, com num sentido sem sentido parecido como o do sonho, está lá, e com uma lógica própria.
Por vezes penso em arquivos, mas logo descarto em favor de um quarto de despejo, de um quarto em que você joga coisas, na expectativa de um dia usá-las ou entendê-las. Penso que a razão, se é que existe, que nos faz agirmos assim é a expectativa indefinida, não catalogada, de alguma coisa não resolvida e sem saber por que.
Não sei se somos reféns de perguntas ou de respostas, as perguntas honestas são fruto da curiosidade pura, as respostas podem ser produtos de busca dirigida, afinal existem mais respostas que perguntas, e todas em busca de perguntas que as justifiquem.
Penso que ao invés da pergunta que não quer calar, o dilema maior é a resposta que busca sua razão e origem, aquela que busca a pergunta que não nasceu da dúvida e nem da curiosidade, mas da inquietação indefinida.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
A pauta da hora
Então amigos, está aberta a temporada de especulações sobre o secretariado do prefeito eleito. Como pauta, sem dúvida é um grande assunto e que merece bastante espaço, mas a rigor, no chamado frigir dos ovos, quem manda é o prefeito, e por mais acordos a cumprir e composições a fazer que tenha, quem manda é ele, e o seu secretariado deve refletir sua expectativa sobre como ele pensa a cidade.
Portanto, a meu juízo, o mais importante é ouvir de Reni Pereira, o que ele pretende fazer e em que prazo, ai sim, teremos um sinal do acerto ou do erro no voto, no meu caso, que abri meu voto, espero e creio que tenha sido um acerto, mas suas ações e o resultado delas é que vão confirmar ou desmentir o que digo.
Então, sigamos na pauta válida, mas sem perder o foco no que realmente importa.
Portanto, a meu juízo, o mais importante é ouvir de Reni Pereira, o que ele pretende fazer e em que prazo, ai sim, teremos um sinal do acerto ou do erro no voto, no meu caso, que abri meu voto, espero e creio que tenha sido um acerto, mas suas ações e o resultado delas é que vão confirmar ou desmentir o que digo.
Então, sigamos na pauta válida, mas sem perder o foco no que realmente importa.
Ilhas, pontes e comportamentos...
É muito curiosa esta dança sem música de sentimentos variados e conflitantes. Quando a gente acompanha os posts nas redes sociais, hoje mais o facebook que qualquer outra, é possível constatar-se isto.
Desde manifestações, algumas até patéticas na súplica quase infantil, religiosas, até manifestações de independência em relação à sentimentos básicos, que ao contrário do que pretendem, só mostram a dependência deles.
Ninguém nega o que não existe, estas pseudo catarses, de curto folego e larga emoção, só evidenciam a necessidade que as pessoas têm de exorcizar-se o tempo todo. Nada contra, acho até ótimo que isto aconteça, pois ajuda a evitar que traumas se criem maiores do que poderiam vir a ser, o que questiono, aliás, não questiono, só acho curioso, é a importância que é dada a estas manifestações.
Seja como for, é fascinante observar esta nudez que as pessoas mostram, mas, é claro, nudez de peças escolhidas, nada é como é, quando muito é como as pessoas gostariam que fosse. No fundo agimos todos como ilhas de discurso individualista e a procura desesperada de pontes que nos unam.
Desde manifestações, algumas até patéticas na súplica quase infantil, religiosas, até manifestações de independência em relação à sentimentos básicos, que ao contrário do que pretendem, só mostram a dependência deles.
Ninguém nega o que não existe, estas pseudo catarses, de curto folego e larga emoção, só evidenciam a necessidade que as pessoas têm de exorcizar-se o tempo todo. Nada contra, acho até ótimo que isto aconteça, pois ajuda a evitar que traumas se criem maiores do que poderiam vir a ser, o que questiono, aliás, não questiono, só acho curioso, é a importância que é dada a estas manifestações.
Seja como for, é fascinante observar esta nudez que as pessoas mostram, mas, é claro, nudez de peças escolhidas, nada é como é, quando muito é como as pessoas gostariam que fosse. No fundo agimos todos como ilhas de discurso individualista e a procura desesperada de pontes que nos unam.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Um certo cuidado nunca é demasiado, foco é tudo...
Tomando por base diversas ações dos governos em vários níveis e em várias épocas, é inevitável, ao menos para mim, fazer a seguinte pergunta:
De que adiantam estas manifestações populares?
Sim, porque acredito que a maior e mais eficaz é aquela que é feita através do voto.
É a grande solução?
Muito provavelmente não, mas é a mais contundente. Trazendo esta questão para a nossa cidade, tenho acompanhado a mobilização visando um protesto contra o aumento das tarifas de transporte coletivo. Certo, justo, louvável, mas quem está determinando esta tarifa foi um gestor eleito pelo povo.
Não foi ninguém imposto por algum governo autoritário, e eu já vivi esta impotência, sei bem como é. Mas agora não, agora é diferente, discutível ou não, moral ou não, justo ou não, é uma prerrogativa dada por nós mesmos que o legitimamos, votando contra ou a favor, ao participarmos de um pleito.
Cabe o protesto? Sim, cabe e sempre caberá, mas penso que deva ser objetivo e dirigido ao fulcro da questão, sem outras considerações, até porque o resultado das ultimas eleições já determinou a mudança.
O que cabe, a meu juízo, é avaliar de que forma esta pressão será exercida e se terá resultados, caso contrário, a própria e poderosa ideia da mobilização popular acaba por se perder na vala comum do reclamo estéril, que com o tempo entra no rol das frustrações e decepções que determinam, e muito, o desencanto da população com as coisas da política, tendendo a tratá-la como coisa a parte, o que não é e nem nunca deveria ser.
De que adiantam estas manifestações populares?
Sim, porque acredito que a maior e mais eficaz é aquela que é feita através do voto.
É a grande solução?
Muito provavelmente não, mas é a mais contundente. Trazendo esta questão para a nossa cidade, tenho acompanhado a mobilização visando um protesto contra o aumento das tarifas de transporte coletivo. Certo, justo, louvável, mas quem está determinando esta tarifa foi um gestor eleito pelo povo.
Não foi ninguém imposto por algum governo autoritário, e eu já vivi esta impotência, sei bem como é. Mas agora não, agora é diferente, discutível ou não, moral ou não, justo ou não, é uma prerrogativa dada por nós mesmos que o legitimamos, votando contra ou a favor, ao participarmos de um pleito.
Cabe o protesto? Sim, cabe e sempre caberá, mas penso que deva ser objetivo e dirigido ao fulcro da questão, sem outras considerações, até porque o resultado das ultimas eleições já determinou a mudança.
O que cabe, a meu juízo, é avaliar de que forma esta pressão será exercida e se terá resultados, caso contrário, a própria e poderosa ideia da mobilização popular acaba por se perder na vala comum do reclamo estéril, que com o tempo entra no rol das frustrações e decepções que determinam, e muito, o desencanto da população com as coisas da política, tendendo a tratá-la como coisa a parte, o que não é e nem nunca deveria ser.
terça-feira, 20 de novembro de 2012
sábado, 17 de novembro de 2012
Quebra-cabeça ou quebra cabeça...
Não conheço um compasso para explicar o que faço, não há compasso que justifique o que passo, o passo do meu compasso é o que faço.
Mastigando e remoendo palavras com sentidos isolados como ilhas sem pontes. Construindo navios para visitá-las, ligando-as na minha memória, pontes de ar sobre mares remotos, ilhas perdidas nos mapas de minha expectativa.
Vejo, esqueço, lembro, perco, viajo, volto, vou até onde ninguém foi, nem eu, lembro-me do que não vivi, esqueço o que nunca lembrei, perco o que nunca tive, sou sem ter sido.
Vou montado na minha incoerência, levando a bandeira da incompreensão contra os cruéis moinhos de vento de minha lucidez perdida, não busco o sentido e sim o sentindo.
Mastigando e remoendo palavras com sentidos isolados como ilhas sem pontes. Construindo navios para visitá-las, ligando-as na minha memória, pontes de ar sobre mares remotos, ilhas perdidas nos mapas de minha expectativa.
Vejo, esqueço, lembro, perco, viajo, volto, vou até onde ninguém foi, nem eu, lembro-me do que não vivi, esqueço o que nunca lembrei, perco o que nunca tive, sou sem ter sido.
Vou montado na minha incoerência, levando a bandeira da incompreensão contra os cruéis moinhos de vento de minha lucidez perdida, não busco o sentido e sim o sentindo.
O óbvio
Nada é menos óbvio que o óbvio. O óbvio exige o consenso, impõe, cobra, mas o que é óbvio?
O que faz sentido, o que faz sentido para nós, o que faz sentido para os outros?
O óbvio é autoritário, exige respeito, exige aceitação, não admite contestação, é imperioso e tirânico.
Oferece o conforto da vala comum das angústias indefinidas, vive da ânsia da aceitação, vive do espaço que todos buscamos.
O óbvio é um parasita da insegurança humana., e não faltam os arautos a anunciá-lo...
O que faz sentido, o que faz sentido para nós, o que faz sentido para os outros?
O óbvio é autoritário, exige respeito, exige aceitação, não admite contestação, é imperioso e tirânico.
Oferece o conforto da vala comum das angústias indefinidas, vive da ânsia da aceitação, vive do espaço que todos buscamos.
O óbvio é um parasita da insegurança humana., e não faltam os arautos a anunciá-lo...
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Ícaro
Acho que no fundo todos nós temos um pouco de Ícaro, heróis embriagados da ilusão de voar.
Cortejamos o sol, com a insensatez dos apaixonados, queremos ir além dos sonhos mais loucos, desafiar o impossível, somos atraídos pelo drama impensado.
Queimamos na fogueira das vontades, as regras e limites que juramos respeitar, mentimos sobre a cera que cola as asas de nossos delírios, e voamos na certeza insana do equilibrista bêbado, cego ao perigo que do chão duro e com os olhos no sol desejado.
De todas as criaturas de Deus, somos os únicos que nos orgulhamos de pensar, no entanto, na primeira fresta que se abre na frágil couraça com que nos cobrimos, vem à tona o grito primal, e os instintos passam nos guiar, continuamos primitivos na essência mesmo que tenhamos tanto cuidado com a forma.
Cortejamos o sol, com a insensatez dos apaixonados, queremos ir além dos sonhos mais loucos, desafiar o impossível, somos atraídos pelo drama impensado.
Queimamos na fogueira das vontades, as regras e limites que juramos respeitar, mentimos sobre a cera que cola as asas de nossos delírios, e voamos na certeza insana do equilibrista bêbado, cego ao perigo que do chão duro e com os olhos no sol desejado.
De todas as criaturas de Deus, somos os únicos que nos orgulhamos de pensar, no entanto, na primeira fresta que se abre na frágil couraça com que nos cobrimos, vem à tona o grito primal, e os instintos passam nos guiar, continuamos primitivos na essência mesmo que tenhamos tanto cuidado com a forma.
Existencialismo
“Não, o amor sabe tanto quanto qualquer um, ciente de tudo aquilo que a desconfiança sabe, mas sem ser desconfiado; ele sabe tudo o que a experiência sabe, mas ele sabe ao mesmo tempo que o que chamamos de experiência é propriamente aquela mistura de desconfiança e amor…
Apenas os espíritos muito confusos e com pouca experiência acham que podem julgar outra pessoa graças ao saber."
Soren Kierkegaard - filósofo dinamarquês (1813-1855) - Precursor do existencialismo.
Apenas os espíritos muito confusos e com pouca experiência acham que podem julgar outra pessoa graças ao saber."
Soren Kierkegaard - filósofo dinamarquês (1813-1855) - Precursor do existencialismo.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Nada não, só pensando alto...
Já fiz muita coisa, já vi e vivi outras tantas, muitas coisas não fiz e me arrependo, outras fiz e me arrependo também, de outras sei que acertei, mas muita coisa ainda quero fazer, quero continuar a tentar e errar e acertar novamente, pois entendo que esta é a condição de quem anda.
Aprendi com alguns erros, mas depois errei de novo, pois pareceu que o aprendizado foi só um confuso consolo, outros nunca mais repeti. Tive acertos, repeti algumas coisas buscando novos acertos, em alguns casos deu certo e em outros não.
Nunca busquei fórmulas de bem viver, nunca acreditei que houvesse fórmula de bem viver, a gente recolhe coisas e as guarda nos bolsos da mente, e usa quando cabe, às vezes nunca usa, mais guarda mesmo assim, e por que? Não sei, nunca soube e hoje nem lembro mais porque guardei um dia, quem sabe quando precisar de algo que não saiba bem o que é, eu lembre porque as guardei.
Não confio muito em ditados, duvido de receitas definitivas, não gosto de roteiros rígidos,não por arrogância e orgulho, mas por ser curioso, e curiosidade não combina muito com regras cartesianas.
Por mais clichê que soe, e o é, viver é uma aventura permanente, e creio que viver sem certezas absolutas é a adrenalina da vida.
No mais, pouco a dizer, muito a lembrar, outro tanto a esquecer, mais coisas a conhecer e outro tanto a entender, e de tantos e pedras pequenas, segue o barco navegando, sem um rumo muito certo e nem tão lógico, por mares calmos e tempestades, de tudo um pouco, de um pouco tudo.
Aprendi com alguns erros, mas depois errei de novo, pois pareceu que o aprendizado foi só um confuso consolo, outros nunca mais repeti. Tive acertos, repeti algumas coisas buscando novos acertos, em alguns casos deu certo e em outros não.
Nunca busquei fórmulas de bem viver, nunca acreditei que houvesse fórmula de bem viver, a gente recolhe coisas e as guarda nos bolsos da mente, e usa quando cabe, às vezes nunca usa, mais guarda mesmo assim, e por que? Não sei, nunca soube e hoje nem lembro mais porque guardei um dia, quem sabe quando precisar de algo que não saiba bem o que é, eu lembre porque as guardei.
Não confio muito em ditados, duvido de receitas definitivas, não gosto de roteiros rígidos,não por arrogância e orgulho, mas por ser curioso, e curiosidade não combina muito com regras cartesianas.
Por mais clichê que soe, e o é, viver é uma aventura permanente, e creio que viver sem certezas absolutas é a adrenalina da vida.
No mais, pouco a dizer, muito a lembrar, outro tanto a esquecer, mais coisas a conhecer e outro tanto a entender, e de tantos e pedras pequenas, segue o barco navegando, sem um rumo muito certo e nem tão lógico, por mares calmos e tempestades, de tudo um pouco, de um pouco tudo.
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
O tempo é o senhor da razão?
Em tudo, com tudo e por tudo, nada do que é, deixa de ser, o foi não existe, é somente é uma acomodação cronológica, serve para melhor arquivar as coisas, mas elas continuam vivas a espera algo que poderá nunca acontecer, mas que continua a reclamar seu espaço.
As medidas do tempo nos situam e aprisionam, estabelecem graus de intensidade, resolvem pendências, definem prioridades, catalogam sentimentos, propõem cursos de ação, moderam as emoções, mas as experiências continuam vivas e sempre estarão.
Dizem que o tempo é o senhor da razão. Não concordo.
Creio que o tempo seja um arquivista inepto da emoção.
As medidas do tempo nos situam e aprisionam, estabelecem graus de intensidade, resolvem pendências, definem prioridades, catalogam sentimentos, propõem cursos de ação, moderam as emoções, mas as experiências continuam vivas e sempre estarão.
Dizem que o tempo é o senhor da razão. Não concordo.
Creio que o tempo seja um arquivista inepto da emoção.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Cai
Cai, treme, vacila e cai;
Seca, despenca do galho e cai;
Vida cessa, interrompe e cai;
Verde, menos verde, escuro e cai;
Cai e deixa no seu espaço o novo espaço;
Deixa no seu espaço o acaso de um novo regaço;
Deixa a promessa inexata do recomeço e cai;
Cai com o estrondo das coisas sem peso, o barulho cada um percebe conforme sua percepção, mas sabe que caiu.
Seca, despenca do galho e cai;
Vida cessa, interrompe e cai;
Verde, menos verde, escuro e cai;
Cai e deixa no seu espaço o novo espaço;
Deixa no seu espaço o acaso de um novo regaço;
Deixa a promessa inexata do recomeço e cai;
Cai com o estrondo das coisas sem peso, o barulho cada um percebe conforme sua percepção, mas sabe que caiu.
Alegria
Alegria, então, muita gente associa alegria à felicidade de forma tão próxima que chegam a soar como sinônimos. Penso que não, creio que a alegria uma manifestação mais ruidosa da felicidade.
Como se felicidade fosse um sorriso calmo e sábio, de uma bela senhora segura do que é, fez e do que será, olha a vida com olhos misericordiosos e ri sem escárnio de nossas vãs angústias.
Já alegria é a menina esfuziante que se admira no espelho e rodopia pela sala ao som de uma música que só existe em sua cabeça, vê luzes no escuro e grita o seu estado através de sorrisos largos de quem ganhou o mundo.
A alegria é colorida sem pudor, abusa das cores e sons, proclama seu estado, é o desabafo da alma, a alegria é a redenção do avesso da vida, é afirmação da criança eterna. A alegria tem cheiro de flores, brilha como um sol num céu sem nuvens e tem gosto de chocolate.
A alegria é a mão armada, com um sorriso, da felicidade.
Como se felicidade fosse um sorriso calmo e sábio, de uma bela senhora segura do que é, fez e do que será, olha a vida com olhos misericordiosos e ri sem escárnio de nossas vãs angústias.
Já alegria é a menina esfuziante que se admira no espelho e rodopia pela sala ao som de uma música que só existe em sua cabeça, vê luzes no escuro e grita o seu estado através de sorrisos largos de quem ganhou o mundo.
A alegria é colorida sem pudor, abusa das cores e sons, proclama seu estado, é o desabafo da alma, a alegria é a redenção do avesso da vida, é afirmação da criança eterna. A alegria tem cheiro de flores, brilha como um sol num céu sem nuvens e tem gosto de chocolate.
A alegria é a mão armada, com um sorriso, da felicidade.
Raiva
A raiva é um sentimento muito forte e poderoso, que por diversas vezes mudou o mundo, menos que o amor, mas com ele sempre disputou o primeiro lugar deste duvidoso ranking.
A raiva tem vários pais, é herdeira do que é justo e injusto, não tem compromisso com a ética e nem com a lógica, é uma força incontrolável da natureza, é consequência e causa, é último estágio, ou como querem os desequilibrados, o penúltimo, pois pode anteceder a agressão.
Dentre as razões da raiva, tem uma que é curiosa, curiosa por ser dúbia, por ser tão força da natureza quanto à raiva que a sucede, é a mágoa, que tem várias mães, e dentre elas a mais possessiva, a expectativa.
A mágoa é lenta, corrosiva, se instala e vai roendo de dentro para fora, no inicio você só percebe o desconforto, depois ela explode para fora e deixa a mostra suas feridas. Não creio que exista cura rápida para a mágoa, nem se existe cura de alguma espécie, penso que exista sim “analgésicos”, que não atuam na causa, só atenuam as consequências, e dentre eles o tempo parece ser o mais eficaz.
A raiva neste caso funciona como quase um placebo, mas paradoxalmente um placebo perigoso, com efeitos colaterais, mas que funciona só em curto espaço de tempo, e leva muito tempo para apagar seus efeitos.
É, a vida é tão simples, mas tão simples, que se torna muito difícil entendê-la.
A raiva tem vários pais, é herdeira do que é justo e injusto, não tem compromisso com a ética e nem com a lógica, é uma força incontrolável da natureza, é consequência e causa, é último estágio, ou como querem os desequilibrados, o penúltimo, pois pode anteceder a agressão.
Dentre as razões da raiva, tem uma que é curiosa, curiosa por ser dúbia, por ser tão força da natureza quanto à raiva que a sucede, é a mágoa, que tem várias mães, e dentre elas a mais possessiva, a expectativa.
A mágoa é lenta, corrosiva, se instala e vai roendo de dentro para fora, no inicio você só percebe o desconforto, depois ela explode para fora e deixa a mostra suas feridas. Não creio que exista cura rápida para a mágoa, nem se existe cura de alguma espécie, penso que exista sim “analgésicos”, que não atuam na causa, só atenuam as consequências, e dentre eles o tempo parece ser o mais eficaz.
A raiva neste caso funciona como quase um placebo, mas paradoxalmente um placebo perigoso, com efeitos colaterais, mas que funciona só em curto espaço de tempo, e leva muito tempo para apagar seus efeitos.
É, a vida é tão simples, mas tão simples, que se torna muito difícil entendê-la.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Confiança
Confiança é uma coisa difícil de definir, quase etérea, absolutamente abstrata, impalpável, mas real e dura como o aço. Ela verga, resiste e insiste, mas quando quebra nada pode consertar, é preciso derreter o metal e refazer o processo na sua origem, sem qualquer outro resquício do que ele era, em sua forma anterior, leva-lo ao denominador comum do esquecimento.
Confiar é dar-se, é transformar-se no objeto de sua confiança, confiar em alguém ou alguma coisa é antes de tudo confiar em si mesmo, daí a enorme dificuldade em lidar com a quebra dela. Parte de você volta para a forja, e outra forma virá, que pode vir a ser maior, mais forte, mais útil, mais própria, mas nunca será a mesma coisa que foi.
Certas coisas se perdem no vento do tempo e se espalham no campo imenso de nossas lembranças e assumem outras formas, que às vezes nem reconhecemos mais, e o ciclo segue com a teimosia de um rio, que corre pela exigência de sua própria natureza sem qualquer vontade ou razão maior que assim o determine.
Confiar é dar-se, é transformar-se no objeto de sua confiança, confiar em alguém ou alguma coisa é antes de tudo confiar em si mesmo, daí a enorme dificuldade em lidar com a quebra dela. Parte de você volta para a forja, e outra forma virá, que pode vir a ser maior, mais forte, mais útil, mais própria, mas nunca será a mesma coisa que foi.
Certas coisas se perdem no vento do tempo e se espalham no campo imenso de nossas lembranças e assumem outras formas, que às vezes nem reconhecemos mais, e o ciclo segue com a teimosia de um rio, que corre pela exigência de sua própria natureza sem qualquer vontade ou razão maior que assim o determine.
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