sábado, 1 de setembro de 2012

A insustentável lógica do oblíquo...

Afinal o que nos define? Nossas atitudes? Acho que não, penso que as atitudes são manifestações parciais de nossa personalidade, são consequências, talvez circunstâncias jogadas ao acaso.

O que nos define? O que pensamos que somos? Mas o que pensamos ser exige espelhos para que se validem, portanto, ou é fruto de análise introspectiva ou de julgamento distanciado, mas sem espaço, não existe perspectiva.

O que nos define? Como reagimos diante das coisas? Não sei, pode até ser, mas acho que não, pois a reação é filha prematura da ação, não deriva da reflexão, é parida na emoção.

Então, o que nos define? Talvez a soma de tudo isto, talvez a negação de tudo isto, talvez a recusa em ser definido, talvez a resposta esteja contida em uma garrafa jogada no mar esperando para ser aberta e revelar que nada contém, pois somos verbo intransitivo em composições ortodoxas, o que incomoda e subverte a visão cartesiana.

Incomodamos e nos incomodamos, porque sempre estamos na procura do por que estar aqui, sem querer precisar estar, sem querer saber por que estamos, numa espécie de curiosidade compulsiva e negada.

Penso que no fundo tudo não passa de um triunfo da lógica do oblíquo, que ri do exato, por ser exato na incerteza, que o confirma relutante, mas de maneira definitiva.


Um comentário:

sonia januario disse...

LINDO, POÉTICO, PROFUNDO....