Existem certos ditos populares que apesar de ainda serem muito repetidos já perderam a validade, se é que algum dia a tiveram.
Um deles, com variações de caso para caso, reza que futebol, religião e politica não se discutem. Ora, se discute sim e o tempo todo, se discute na mídia, em casa nos círculos familiares, nas redes sociais, em qualquer ambiente e de forma apaixonada.
Somos todos nós um pouco técnicos de futebol, teólogos amadores e analistas políticos diletantes. É lícito, é justo e é esperado, afinal são três temas que nos definem, nos inserem ou não nas diversas “tribos” que compõem nossa sociedade contemporânea.
A diferença está no fato de que em futebol e politica, os indecisos são uma parcela muito pequena, ínfima até, e na política não, e mais, religião e futebol pressupõem fidelidades duradouras e durante todo o tempo, sendo vistos com certa desconfiança àqueles que mudam de time ou fé religiosa.
Já na política, salvo os militantes de tempo integral, isto não acontece. Somente nas campanhas eleitorais é que se tornam mais visíveis as cores partidárias, e elas podem mudar e mudam com impressionante facilidade entre uma eleição e outra.
Nada contra, vejo até como fator positivo, caso contrario não haveria espaço para a renovação, para a mudança, diferentemente de futebol e religião, onde as mudanças e revisões de rumo tendem a ser mais endógenas e afetam aos fiéis e torcedores de suas denominações e agremiações, na política não, pois a medida do sucesso ou fracasso de uma ideia política afeta de forma completa e total toda uma sociedade.
Portanto, não consigo entender as cobranças indignadas por fidelidade e nem tampouco o patrulhamento ideológico xiita que alguns pregam nestes períodos, já que a mudança de posição e ideias é parte intrínseca e esperada devido à natureza do tema, e não creio que defina caráter de ninguém.
Acredito que a definição do caráter está no respeito ao contraditório e na livre opção de cada um, simples assim, ou ao menos eu acho assim.
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