segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A violência sempre foi banal

A morte virou uma noticia banal. É pautada como um produto qualquer, mortes violentas ganham cada vez mais destaque nos telejornais. Nenhuma crítica além da óbvia. Hoje em dia, aliás, de uma certa forma sempre foi assim, a informação sobre violência é um negócio como outro qualquer, o problema é que este produto é misturado a outros e nos é empurrado goela abaixo pelos telejornais.

Se você quiser saber como foram os gols da rodada, ou se o frio vai aumentar, antes terá que assistir a umas 5 ou 6 mortes violentas, temperadas com imagens e caras e bocas de “desaprovação” dos apresentadores e repórteres, que visivelmente mal disfarçam um certo e estranho orgulho em trazer estas imagens. Tudo bem é a sua profissão, se eles não o fizerem, outros o farão, este é o jogo, esta é a regra. Ninguém pode culpá-los sob pena de hipocrisia elitista.

E nós? Os clientes destes produtos macabros, que os condenamos em público, lamentamos a violência, mas somos nós que consumimos, nós somos a razão deste produto. Depois, especialistas, livre pensadores, teóricos sociais e outros menos votados, gastam horas, muito tempo, tentando explicar e condenar a banalização da violência, buscando causas, que vão de ordem social até étnica. 

Ora, por que? O mal está aí vivo e vivendo entre nós, está escarrado nas imagens da TV, nas páginas dos jornais e avidamente consumido diariamente e por pessoas de boa índole em sua esmagadora maioria. Mas o que realmente ganhamos em saber e ver alguém estirado no chão abatido a tiros? Aprenderemos a evitar aquele local onde alguém foi morto? Não sairemos mais de casa em função deste risco?

Onde isto soma, e a que necessidade nossa atende?

Raciocínio ingênuo, perguntas ingênuas, texto ingênuo, muito bem, está certo, pode ser visto assim, concordo, mas muda o fato apontado, de que a violência que parece nos horrorizar sempre foi e através dos tempos, um episódio banal? Então, qual a razão da surpresa e das teses inspiradas?

O único aprendizado percebido hoje em dia, se é que exista algum, é que a vida vale menos que alguns segundos na televisão.



 

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