Nas ruas e praças da memória o canto morno e triste se espalha como uma brisa de fim de verão. Sua cadência hipnótica embala o coração sonolento, separa realidades, e invade intimidades cansadas.
Do mar do esquecimento, o vento traz o travo salgado de maresia e o cheiro da areia molhada. A tarde se fecha atrás das nuvens e o sol se retira relutante dando lugar aos mistérios da noite, saudada pelo coro impessoal das criaturas encantadas.
Na já muito distante e turva lembrança da praia deserta da nossa vontade, o ciclo se dá mais uma vez e a medida da vida se renova. Tudo está na medida, na régua incerta que rege certa o destino das coisas.
As coisas são como são, sem explicação e sem razão além da própria razão de ser.
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