O que se observa hoje é a quase, para não dizer total, ausência de projetos de governo, o que mais se assiste é a um desfile de projetos de poder tão somente. E o pior, e seria irônico, se não fosse trágico para nós, que a maioria quando alcança o sucesso, encarnado no poder, não sabe o que fazer com ele. Dedicam-se exclusivamente a mantê-lo, suas ações de governo são subordinadas a esta mantenência, o que pode explicar a falta de politicas de longo prazo, que tanto o país, estados e municípios são carentes. O horizonte das necessidades da grande massa está limitado em quatro anos, numa espécie de prazo de validade cruel dos remédios, na maioria paliativos, que são aplicados.
As costuras, apoios e coligações, não são determinadas nem por um mínimo de identidade programática, o são tão somente pelo interesse fisiológico, cuja moeda de troca todos sabemos qual é. Então, como falar de voto consciente, como evitar a “venda” de voto? Se no cerne, no principio deste processo já está embutido o vírus da fisiologia predatória?
É um círculo vicioso que está em pleno e destrutivo processo autofágico, e que ao acabar, se acabar, nada deixará a não ser um enorme vazio de ideias e legará ás futuras gerações o ceticismo cínico, que se apelida, num eufemismo pobre, de pragmatismo politico. A única maneira de se combater esta deterioração do processo politico, é lenta e de sucesso duvidoso até, mas é através do voto. Não há outra, não existe mais clima e nem ímpeto para revoluções, pois estas, mesmo com sua carga de interesses pontuais, representavam ideias, matéria prima tristemente escassa nestes nossos tempos.
Votar, votar sempre, com esperança ou sem muita, mas votar e de forma consciente ainda é a única alternativa que consigo ver para saírmos desta UTI politica.
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