domingo, 15 de julho de 2012

Quousque tandem?

Até quando, enfim, ó Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo ainda esse teu rancor nos enganará? Até que ponto a (tua) audácia desenfreada se gabará (de nós)? (Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? Quamdiu etiam furor iste tuus nos eludet? Quem ad finem sese effrenata iactabit audacia?).

A frase acima é a primeira do primeiro discurso do romano Cícero, Marcos Túlio Cícero contra Catilina em 63 A.C., onde o famoso orador, então Cônsul Romano, atacava as pretensões golpistas de Catilina, Lúcio Sérgio Catilina, contra a ordem estabelecida no então Império Romano. 

A frase é usada até hoje quando se quer manifestar a desaprovação de um fato ou atitude que persiste, apesar de constituir-se em absurdo lógico ou teimosia empedernida, diante de uma realidade que não pode ser ignorada.

Pena que, apesar do eco que se fez ouvir através da história, o que vemos hoje são só “Cíceros” roucos e uma epidemia de “Catilinas” bem vivos a atuantes. Na época bastaram 4 discursos, 2 ao povo romano e 2 dirigidos ao senado, para derrubar as pretensões do falido Catilina, que via na queda do regime somente uma oportunidade de recuperar a fortuna perdida.

Familiar? Cabe a analogia? Pois é, também acho. As semelhanças são assustadoras, no teor do discurso, a quem foi dirigido e onde o foi. Pena que a história seja vista hoje em dia como uma matéria aborrecida nos cursos regulares ou como mero diletantismo de poucos. Enquanto isto, suas lições jazem esquecidas sob dois dedos de poeira dos séculos, nos escaninhos escuros da memória da humanidade.

Somos condenados a repetir sempre os mesmos erros, numa “coerência” cruel.




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