domingo, 22 de julho de 2012

O culto à culpa, dor e sofrimento

Vocês já notaram como é insanamente comum o culto à culpa, dor e ao sofrimento? Como se nada fosse legítimo e justo se obtido de outra forma? É, a civilização judaico-cristã se consolidou em cima destes alicerces e através deles obteve o poder temporal que exerceu de forma arbitrária durante séculos.

Até hoje, mesmo nos exemplos menos compromissados, utilizados até em propagandas, ou mesmo no esporte, são celebradas as virtudes do esforço além do limite da dor como sendo a única maneira de gozar-se os benefícios de uma conquista. Em uma indução maniqueísta, só os que sofrem merecem atenção, não que lhes seja dada, na esmagadora maioria das vezes não é, mas é sempre anunciada como propósito justo, correto e inquestionável.

Durante séculos a chamada religião cristã celebrou o sofrimento e a dor física de Cristo, vide as “via crúcis” espalhadas pelas igrejas, que sem surpresa alguma foi originada na negra época das cruzadas, como sendo o ponto alto do cristianismo, em uma leitura cruel e manipuladora, pois, mesmo se lido como se um texto laico fosse, o novo testamento exalta a alegria, o perdão a tolerância e a redenção. Por que então a ode sistemática à dor e ao sofrimento?

Simples, pelo uso eficaz e comprovado na época, como instrumento de manipulação de corpos e mentes, pelo poder temporal dai advindo, pela forma de calar o povo diante dos brutais sofrimentos físicos e das obscenas injustiças sociais, e com isto legitimar e tornar inquestionáveis os pretensos direitos divinos de reis e príncipes, e em consequência, consolidar o papel da igreja oficial como árbitro e grande beneficiário daquele estado de coisas.

Este mercantilismo com a imagem de Cristo evoluiu de uma vida eterna prometida em troca do trabalho escravo e da obediência inquestionável, úteis conquanto os governantes fossem vitalícios, para a recompensa nesta vida terrena mesmo, diante de módicas e nem tão módicas contribuições financeiras, pois as necessidades de quem têm ou almeja o poder e a riqueza, são mais urgentes que o eram na época. 

Tristes tempos estes, onde nada mudou a não ser o “modus operandi” da manipulação ancestral que sempre infelicitou a nossa confusa espécie, se Cristo voltasse a terra hoje em dia, teria uma enorme dificuldade em entender o que chamam de cristianismo.



Um comentário:

Anônimo disse...

"É". Mas...e a Fátima Bernardes? Acho que "o problema" da civilização judaico-cristã é a falta de cosmovisão.