sábado, 14 de julho de 2012

O "não"...

Pois é, ainda de molecagem com as palavras, vamos jogar conversa fora sobre mais uma, o “não”. Então, para começar com os extremos, vejo de um lado o “não” senhorial, patriarcal, tradicional, peremptório, definitivo e carregado de certezas antigas e arraigadas, assim como um móvel pesado, de madeira maciça, como aqueles que estão na família há anos. A este “não”, não cabe recurso, ou se aceita ou não se aceita, mas não se cria expectativas de mudança.

Do outro extremo, tem o “não” tímido, uma espécie de “não” moleque, indeciso, em fase de crescimento, um “não” em busca de afirmação, um “não” que esconde atrás de si, meio encoberto um “sim” sorridente, que acena e faz gestos de que não é bem assim. É o “não” da promessa, o “não” que alimenta expectativas, o “não” que queria ser “sim”, o “não” com a vocação inequívoca de “sim”.

Entre eles, milhares de tons, de entonações, de situações, de variações infinitas de “nãos”. 

Bom, não acho fácil dizer “não”, “não” me soa como negação ao experimento, como recusa à curiosidade. O “não” pode e conquista respeito, admiração até, mas não faz amigos na hora, o “não” é a cara fechada do homem, mesmo com razão e possível reconhecimento de acerto depois, mas é a cara fechada. 

Já o “sim” é o sorriso aberto, a empatia instantânea, o riso fácil, mesmo que traga junto com esta bagagem de alegria uma sacola de consequências e muitas vezes com pedras dentro, mas na hora, é o sorriso aberto do possível. 

O “não” atravessa as portas do tempo e o sim é sempre hoje.



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