domingo, 17 de junho de 2012

Arrogância da alma ou fim do jogo

Assim como os salões vazios e empoeirados guardam os ecos das festas passadas, na nossa memória as lembranças gritam nos momentos de silêncio. O s silêncios são depósitos da alma, e são varridos pelos ventos descontrolados das emoções vividas. 

Somos como um quebra-cabeça de mil pedaços montado por uma criança irrequieta. Não é a paciência que nos faz completos, é a curiosidade, a tentativa e erro. Não somos fruto de um preenchimento correto das instruções da embalagem, estes só servem para iniciar o jogo, são os ensinamentos formais, o resto é montado ao acaso, com peças que não se encaixam, com peças de outro jogo, com imagens que não se ajustam. 

A criança irrequieta, às vezes se cansa e larga o jogo, entediada ou irritada com o desafio de montar uma figura que seja a cópia da caixa, e cria a sua, desafiando contornos, cores e instruções. E o resultado imperfeito num dia, é o perfeito do outro, depende de quem, como e quando se olha. 

É da insatisfação o motor do recomeço, o vetor da busca. A completa satisfação, ou é a arrogância da alma ou fim do jogo.

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