domingo, 3 de junho de 2012

Reflexões preguiçosas

Então amigos, manhã de chuva, domingo, tudo conspirando para o ócio, para jogar fora um pouco de tempo, para reflexões preguiçosas.

Vejam uma delas; o grande, polêmico e talentoso Oscar Wilde, dentre tantas outras, deixou para a posteridade uma frase que considero emblemática, dizia ele que “viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe”. Pois é, também acho que sim, e também acho que é muito mais profundo do que possa parecer à primeira vista. 

Mas é claro, a frase exige alguns complementos. Só eu conheço centenas das milhões de definições sobre o que é viver. Ora, às vezes parece-me que viver é como atuar segundo um roteiro de filme, escrito em capítulos, com várias alternativas e muitos finais, daqueles roteiros que só fazem sentido para o autor e para os críticos pedantes. É, e se o roteiro for muito ruim, o ator é penalizado, ou o personagem é descartado? Sim, porque o autor nunca o é.

Bem, dever ser isto que Oscar Wilde quis dizer quando falou em a coisa mais rara do mundo. Rara não é a ocorrência do viver, é a definição. 

Existir é pressuposto, é condição, é fato dado e havido, não cabe reflexão sobre passado, só registro, não implica em futuro, só em espera, não é aceitação consciente de seus problemas, é só tê-los, é só projetar para um eu alternativo, o real, é transferir a ele seu saldo negativo, é pura masturbação da alma. É estéril pela sua própria natureza e definição. Não é ser, é estar.

Agora viver, bem, não sei direito como definir, não descobri ainda a fórmula, mas tenho uma boa desculpa, afinal quem pode ter acesso fácil à coisa mais rara do mundo?

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