Um dia destes, aliás, bem há pouco tempo, um destes a quem chamo de “os novos eleitores”, perguntou-me: o que você acha destes acordos e destas coligações entre partidos e grupos aparentemente irreconciliáveis e de ideologias totalmente opostas? O que está acontecendo?
Respirei fundo, pigarreei e lasquei, com a postura presunçosa das certezas que a gente acha que tem, depois ter vivido e visto mais coisas, e respondi que eram necessárias, que mostravam a maturidade democrática, que o bem comum tinha que estar acima dos interesses individuais, que tínhamos que pensar grande, etc., e etc.!
Pois bem, meu jovem amigo, eu menti. Menti como a gente mente todos os dias quando tenta explicar o inexplicável. Quer saber? Sou contra! Sou contra a falência da postura ideológica, sou contra a pouca vergonha fisiológica em nome da governabilidade, projeto politico ou coisa que o valha! Lamento ter perdido a inocência e a relativa ingenuidade de tempos atrás, pois com ela perdi a minha capacidade de indignação e protesto.
Meu jovem amigo, nunca perca esta indignação, ela promove mudanças e questiona as injustiças, ela move o mundo para frente, não para os lados e para trás. Seja intransigente se for preciso, seja até intolerante se necessário, mas nunca, repito, nunca aceite o que lhe for imposto pelo comodismo dos ditos mais experientes que perderam as ilusões e que aceitam passivamente isto.
Então meu querido e jovem amigo, na verdade é isto o que penso. Coligar e fazer acordos em nome de projetos de vitória em eleições, sem que exista um mínimo de identificação e afinidade ideológica, é safadeza política, é fisiologismo baixo, é rifar o futuro de todos em nome de um presente de benefícios para si mesmo.
Perdão amigo!
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