segunda-feira, 25 de junho de 2012

Uma noite qualquer

A chuva fina da noite molhava o asfalto sujo e criava uma estranha tela para os desenhos da luz fria dos postes da rua. Ecos de passos ainda ressoavam nas paredes escurecidas pela fumaça dos carros do dia. O silencio espreitava debaixo das nuvens pesadas que cobriam as estrelas e vestiam a lua ausente.

O coração nos pés, a alma no bolso, e a rua deserta. Cenário da desesperança, palco do desencanto, expectativas no freezer. O respiro fundo aspirava os humores da madrugada, cheiros de todas as coisas e de nada. O trajeto não era medido por metros ou passos, mas por pensamentos, não andava, pensava, não pensava, sentia e ia.

Uma luz na esquina. Uma porta. Uma saída? Um começo, um fim? Não importava o que e nem porque, só estava lá, sem considerações de utilidade ou propósito, só estava lá. Como o caminhante noturno estava, sem propósito, de utilidade restrita a sua falta de propósito, só estava ali e andava.

Uma rua, uma luz, uma pessoa, nada demais, só mais um cenário como tantos outros. E a noite insensível seguia seu curso sabido rumo ao dia, trazendo consigo o peso inexorável do tempo, moinho da vida. Mas, afinal, era só uma outra noite qualquer, prelúdio de novas, lembrança de outras, mas ainda assim, uma noite qualquer.


Um comentário:

Anônimo disse...

Essa descrição é sobre a política absolutamente indefinida de Foz do iguaçu? Ou algo mais romântico?