Então, repercutiu bastante por aqui o caso da novela da Globo, em que a nossa cidade é citada como um destino de lua-de-mel ou coisa que o valha, não sei, pois não acompanho novela. Pois bem, parece-me que a opção era Foz ou Milão. Bem, conheço Milão, é linda, maravilhosa, etc., mas são produtos turísticos completamente diferentes.
Ah, segundo soube, a protagonista teria dito que Milão era chique ou algo assim. Bem, isto mostra duas coisas, a primeira é que grande parte das pessoas viaja só para voltar e contar para os amigos onde esteve... Vocês estão rindo? O pior é que é assim mesmo, muita gente não vê a hora de voltar e mostrar as fotos e dar um jeito de incluir nas conversas, assim meio "sutilmente", alguma referência a algum lugar visto como “chique”, eita.
A segunda consideração é sobre o nosso eterno olhar embasbacado, pendurado nos galhos da cultura colonialista, e postos a mirar com inveja o velho mundo. Parece que tudo lá é maravilhoso, lindo, bem resolvido e transbordante de cultura e sabedoria, sim com dinheiro no bolso, é sim. Então tá bom, agora vá para Milão e pegue um ônibus na periferia, com um frio de rachar, um café nos estômago, e você verá como é “chique” passar mal na Europa.
Uma coisa é o imaginário, o produto turístico, e outra é a realidade das grandes cidades, com todas as suas mazelas, maiores ou menores, mas todas as têm. Paraísos só existem na nossa cabeça, nos nossos sonhos e nas novelas de TV, a vida é mais crua do que gostamos de admitir.
Portanto, vamos parar de admirar as contas coloridas e os espelhinhos que nos deram e olhar para este país que é maravilhoso, e que apesar das diversas e "aplicadas" tentativas de vários governos em estragá-lo, felizmente ainda não conseguiram.
Um comentário:
Bravissimo! Moro na Itália há 10 anos e adorei o seu texto.
Não vou muito ao Brasil, pois ao contrário do que imagina o público noveleiro, viajar para o Brasil custa tanto como viajar para a Europa. Esse negócio de viajar pra Zoropa como se fosse a ponte aérea existe só em novela.
De qualquer forma evito a todo custo revelar aonde moro principalmente no cabelereiro, lojas, manicure etc, pois esse detalhezinho pode aumentar absurdamente a conta a pagar.
Quando ainda morava no Brasil já tinha acontecido de trabalhar no mesmo dia em que viajaria para a Itália a noite. Era tratada como se fosse para uma viagem espacial e consideravam absurdo o fato de ainda estar no escritório até aquela hora, rsss. Ridiculo!
Os deslumbrados deveriam ler os jornais estrangeiros, assim descobririam que os problemas cotidianos de muitos países europeus são iguais aos brasilianos. Descobririam surpresos que alguns desses problemas estão sendo resolvidos no Brasil, enquanto as velhas mentalidades do velho continente não conseguem promover mudanÇas.
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