A Era do fake e a indústria do denuncismo

Nos últimos tempos, temos assistido boquiabertos uma sucessão de denúncias de todos contra todos.

As redações dos meios de comunicação, abrigam tantos paladinos da moralidade, que temo pela memória de Madre Teresa de Calcutá, se algum editor pedir uma matéria para estes novos vingadores auto-nomeados.

Como tenho um certo olhar cínico sobre estas virtudes de alamanque, não posso evitar a desconfiança nestas cruzadas. Não acredito nesta gangorra curiosa entre a virtude deificada e a demonização de tudo que diga respeito a politica. Desconfio da retidão auto-proclamada.

Ora caros amigos, tem safadeza na politica, tem é claro, mas tem em toda a sociedade Em um regime democrático os que estão no poder, foram colocados lá pela população, ao menos em tese. Dirão alguns, e não sem razão, que forças econômicas poderosas, etc e etc, conspiraram para tal, tudo bem, e dái, só na politica? Somos uma socidedade tão pura e vestal tanto quanto exigimos de nossos representantes? Somos tão eivados de altos valores de moralidade, quanto exigimos de nossos eleitos?

Por acaso, somos todos virgens ingênuas raptadas por faunos maléficos e postas para trabalhar em um decadente bordel de beira de cais?

Acho que não meus caros, acho que somos uma sociedade que viceja nas águas mornas da hipocrisia, símbolo maior desta era do fake em que vivemos, a era dos reality shows, que projetam nossas caracteristicas na tela, nos livrando, ao tomarmos partido de um ou de outro, da responsabilidade pelos nossos eventuais atos ou pior, pela responsabilidade pelas nossas intenções nunca efetivadas, pois esta tem sido uma sociedade que não aje, só reaje, não propõe, só dispõe e cria pouco, mas adora a critica.

É a era do culto a um Robespierre de folhetim, contundente e inócuo, uivando ameaças para todos os lados...

O culto ao politicamente correto, é o culto ao slogam em detrimento à acão propositiva, pobre façanha de pequenos duendes de moral duvidosa, mexendo em seus caldeirões de ressentimento e auto-indulgência, a lançar sentenças sobre tudo e todos, protegidos pela cobertura de suas tocas.