Tirado do livro "Folclore Político", do
grande Sebastião Nery:
Claudemiro Suzart, farmacêutico generoso e amigo
dos pobres, candidato do PTB à prefeitura de Feira de Santana, na Bahia, contra
Arnold Silva da UDN e Froes da Motta, do PSD, foi fazer comício na Rua do Meio,
que em 1958 era centro da zona boemia, do meretrício na cidade:
- Meus amigos, vocês precisam ver a vida dos candidatos, desde o
nascimento deles, onde moram, como vivem, o que fazem, para saberem bem em quem
votar. Arnold Silva, candidato da UDN, nasceu num palacio, tomou banho em bacia
de prata, nunca falou com o povo. O que é que ele é?
- O candidato dos milionários!
- Isto mesmo! Não pode ter o voto do povo!
E Claudemiro continuava, com a rua larga lotada:
- Meus amigos, Froes da Mota, candidato do PSD,
nasceu e viveu numa fazenda muito rica, nunca soube das dificuldades do povo. O
que é que ele é?
- Candidato dos latifundiários!
- Isso mesmo! Não pode ter o voto do povo. Eu, meus amigos, como vocês
sabem, eu nasci aqui na Rua do Meio. O que é que eu sou?
Lá do fundo, um negão gaiato, alto, forte, enorme, a boca cheia de
dentes, gritou :
- Filho da puta!
Acabou o comicio. Ganhou Froes da Mota.
(No palanque, o advogado, ex-vereador e futuro
prefeito de Feira em 62, cassado em 64 e depois deputado federal, Francisco
Pinto. E eu, jornalista).
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