O facebook e a vida real

Vejam só o que é o curioso mundo das redes sociais, em especial o facebook. Você encontra de tudo lá, amores barulhentos declarados com estridência, declarações de falta de amor, que vão desde chorosas até as desafiantes. As crenças religiosas então, junto com as gracinhas em série, são o destaque maior. Por vezes fico pensando, e não me levem a mal, pois tenho um olhar meio torto e às vezes cínico debruçado sobre a vida, que o volume e a quantidade destas profissões de fé, mais do que conversão de terceiros, se prestam a auto conversão, bem, mais isto sou eu, nunca poderia  e nem pretendo generalizar, respeito a crença de cada um.

Mas assim é a vida, e em todos os aspectos. Li há algum tempo, um artigo que criticava o “alto astral” do facebook, na visão do amargo autor, este exigia, colérico, que a vida real lá estivesse exposta. Ora, meu caro articulista, de quem felizmente não lembro o nome, e por acaso ela não está lá, e em toda a sua plenitude pública?

É claro que está! Vamos pensar juntos, você imaginaria acordar e ir ao Shopping, sem escovar os dentes, sem tomar banho, com a mesma roupa da noite, cabelo despenteado, e olhos inchados? E tem mais, sentar-se a mesa de um café, pedir um, e dirigir um olhar de urso furioso para quem chegasse perto e ainda puxasse papo com alguém para falar de suas desgraças? Se a resposta foi positiva, você só pode ser autor do artigo que falei acima...

Mas, em não sendo, o que espero e acredito, deve concordar comigo que alguns aspectos de nossa vida, são definitivamente privados, seja onde for e com quem for.

Dirão que existem exceções, ah tá bom, e na vida não? Ora, parafraseando aquela música; “Live and let live”, o que nos faz bem, se somos ajustados socialmente, fará aos outros também.

E de resto, me vem à cabeça uma historinha, com “H” mesmo, pois li como verídica fosse, onde um politico do interior de Minas Gerais estava casando a filha e com uma enorme festança. Em dado momento, a dona da casa observou apavorada, que o número de participantes, superava em muito o de convidados previstos, com a consequente falta de comes e bebes para todos. Foi ao marido e perguntou agoniada o que fazer, pois nem para comprar fiado dava mais.

No que o sábio e vivido politico do interior respondeu:

- Minha filha, não se preocupe, sirva o que tem aí, e sem faltar, tudo bem, a “gente intéra com a pôse!”

O que não é a participação alegre, barulhenta, festiva, bem humorada, cheia de excessos e festas no Facebook, senão o ato de inteirar com a pose o que nos falta nesta festa da vida?