É muito curioso, triste até, nestes dias de comunicação de massa, multimídia, de pressa, de ganhar sempre, enfim, neste ritmo alucinante que a vida moderna nos impõe e nos cobra, que a essência esteja desaparecendo.
Ao reler um autor que gosto muito, Antoine de Saint-Exupéry, deparei-me novamente com uma frase sua que o tempo e o uso excessivo e muitas vezes despropositado, se encarregou de banalizá-la de forma irremediável, temo eu.
A frase é a conhecidíssima, “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos".
Ora, parece óbvio, piegas para alguns, romântica para outros, mote de declarações pseudoprofundas e por aí vai. Mas, atentem para o que o autor quis dizer. Se você fizer uso de inúmeros ditados populares, verá que esta constatação está presente em nosso imaginário, senão vejamos; “o pior cego é o que não quer ver”, “fazer ouvidos de mercador”,” disse o que você queria ouvir”, e mais outras tantas variações do mesmo tema. Você deve conhecer muitas mais, e talvez, mais próprias, que poderiam ser relacionadas aqui.
Mais do que o apelo poético que possa ter, e penso que tenha, a frase é a constatação de uma verdade esquecida.
No entanto, quanto mais a informação é abundante, e os sentidos mais primários, mais básicos, são estimulados, menos se percebe o essencial. No caso da frase de Saint-Exupéry, se tomarmos o coração como uma metáfora para a nossa sensibilidade, meio embotada pela gritaria dos apelos fáceis, poderemos ver que esta é a única maneira de enxergar o essencial, perdido em camadas de embalagens, que se superpõem.
Atual e pertinente o genial autor de “O Pequeno príncipe” e do magistral “Terra dos Homens”, que descreveu com muita propriedade esta miopia da alma.
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